sábado, 30 de julho de 2016


30 de julho de 2016 | N° 18595
COMPORTAMENTO


O primeiro ano do resto de nossas vidas

Terapeuta lista os principais desafios dos recém-casados (e como enfrentá-los)
Antes do casamento ou de ir morar junto, tudo parece muito mais fácil. E a terapeuta de casais Cíntia Fernandes Leite explica por que: ambos satisfazem com mais zelo as necessidades e os desejos um do outro, a responsabilidade das decisões é mais leve e, quando se desentendem, os parceiros podem simplesmente sair de perto um do outro. Até o dia em que juntam as escovas de dentes. E aí vem o depois: rotina, contas, questões domésticas, filhos etc. e tal. Mas o primeiro ano é especialmente delicado, um momento de adaptação. Cíntia Leite, que promove workshops sobre como enfrentar a dois os desgastes do dia a dia na Choices Coaching para Casal, de Curitiba, lista os principais desafios e ensina como superá-los. Com a palavra, Cíntia Leite:

ENCARANDO A FASE DE ADAPTAÇÃO

Durante o primeiro ano de casamento, os parceiros deparam com a necessidade de fazer negociações diárias para equilibrar necessidades e desejos de duas pessoas às vezes muito diferentes. A esta exigência somam-se constantes desilusões, pois antes do casamento os parceiros ainda têm uma imagem muito idealizada um do outro e também de como será a relação com essa pessoa e que, naturalmente, costuma ser muito mais otimista do que realista. Portanto, nesse período inicial, a maioria dos conflitos tem base nas dificuldades de negociação sobre pequenos e grande assuntos e também nas suas respectivas desilusões, como por exemplo, de dar conta de que o outro não é “tão carinhoso, generoso ou divertido” quanto parecia no início do relacionamento. E isso também é muito natural, pois os traços mais positivos da personalidade sempre aparecem com mais evidência na fase inicial da relação e os mais, digamos, autênticos, infelizmente surgem quando os parceiros precisam aprender a ceder, em prol da satisfação conjugal.

O QUE SÓ SE DESCOBRE AO MORAR JUNTO

A partir do momento em que passam a conviver juntos diariamente, a habilidade de conseguir negociar a satisfação das próprias necessidades com as do outro torna-se ainda mais difícil. Assim, caso um dos parceiros seja muito mais impositivo e agressivo do que o outro, tenderá a se impor ainda mais, fazendo com que o outro aceite suas imposições e passe a anular suas próprias vontades. Porém, caso o outro também apresente um perfil mais impositivo, ambos tenderão a competir pela satisfação de suas vontades, o que irá ocasionar diversos conflitos, sempre proporcionais às dificuldades de negociação de ambos.

ALERTA! QUANDO A COMUNICAÇÃO NÃO VAI BEM

Falar um pouco alto ou de forma um pouco impaciente pode acontecer naturalmente. Mas, quando isso se torna um hábito, o casal deve entrar em estado de alerta e identificar as raízes de tanta irritação. Há ainda outros sinais que, quando passam a ocorrer com certa frequência, devem sempre ser tratados como um ponto de atenção: quando se sentem desconfortáveis ao ficarem a dois em silêncio (pois, quando estão bem, ele traz paz); quando perdem a motivação para expressar sentimentos e pensamentos por receio de ser criticado pelo outro; quando começam a fazer ironias e com maior frequência, principalmente criticando o parceiro na frente de outras pessoas; quando passam a discutir mais para saber quem tem razão do que para resolver o problema em questão.

CONCESSÕES: A ARTE DE DRIBLAR AS DIFERENÇAS

A maioria dos casais considera suas diferenças como um possível indicador de que, talvez, a relação possa não dar certo. Porém, quando essas diferenças surgem de forma mais intensa, é também a oportunidade de transformação e desenvolvimento: ambos precisam de um ajuste nas suas formas de pensar, sentir ou se comportar. Portanto, quanto maiores as diferenças, maior a polarização de comportamentos e então maior será a oportunidade para ambos de potencializarem suas virtudes e desenvolverem o que está precisando ser desenvolvido. Assim, em todo relacionamento a longo prazo, ambos passam por uma profunda transformação psicológica, mesmo que não percebam. Em relação a quem deve ceder, diria que ambos sempre devem ceder quando for necessário, desde que busquem sempre expressar e validar suas necessidades assim como levar em consideração as necessidades do parceiro. Pois apenas assim eles poderão se unir de uma forma mais colaborativa para encontrar a melhor solução para seus conflitos.

GAZETA DO POVO

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