quarta-feira, 1 de abril de 2015


01 de abril de 2015 | N° 18119
PEDRO GONZAGA

I. A.

Globo afora, noticiou-se a adesão de Steve Wozniak, cofundador da Apple, ao novo pesadelo que se ergue no horizonte humano: por um processo de aceleração da Inteligência Artificial, logo os computadores pensariam mais rápido e melhor do que nós, sendo capazes de subjugar-nos a suas vontades digitais, quando não – o que não seria surpresa frente a nossas ações – eliminar-nos como uma ocorrência inútil ao planeta.

Tal pesadelo aparece a mancheias em filmes que vão de Matrix a 2001: uma Odisseia no Espaço. (No meu filme B, a passar no Corujão, seríamos mantidos em condição de manada, confinados a uma espécie macabra de Pampa Safári.)

Wozniak engrossa a lista de celebridades científicas que temem que as máquinas fujam ao nosso controle. Os catastrofistas se eriçam. (Escrevi pira, mas o autômato corretor ortográfico me venceu.)

Confesso que também já fui um apocalíptico. No colégio me prometeram o Juízo Final, fogo caindo dos céus e incríveis cavaleiros que nunca conseguiram chegar durante um período de Química. Depois haveria o fim pela ganância dos laboratórios, recirculando cepas de terríveis doenças, cuja cara cura estaria reservada a milionários capazes de comprar a vacina. Então o aquecimento global e o fim do mundo Maia.

Agora isto. Eu queria acreditar, quero, mas será preciso bem mais do que esta sinopse fuleira: uma inteligência alienígena ameaça aniquilar os terráqueos, vinda não mais das longínquas negruras do universo, mas dos circuitos de luminosas placas de computadores tunados.

Tudo bem. Concedamos aos sábios nossa extinção. Antes de desaparecer, contudo, queria ver a sapiência das máquinas desvendar um destes três mistérios humanos:

– Por que razão um lobisomem, tido em todos os registros da espécie como uma criatura voraz e peluda, aparecia depilado e sem camisa em uma famosa saga para adolescentes.

– O que levava as pessoas a se aglomerar em filas sendo que portavam em mãos os bilhetes que lhes garantiam um assento marcado.

– Como as mesmas criaturas que criaram a I. A. e puderam ir do bronze à energia atômica gestaram Paris Hilton.


Paris Hilton, à minha mísera inteligência de carne, segue tão indecifrável quanto o próprio Big Bang.

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