quinta-feira, 23 de abril de 2015


23 de abril de 2015 | N° 18141POLÍTICA + |
ROSANE DE OLIVEIRA

COMEÇAR DE NOVO, O DESAFIO DA PETROBRAS

Sim, os números são horríveis: a Petrobras teve um prejuízo deR$ 21,6 bilhões em 2014 e as perdas com a corrupção ficaram emR$ 6,2 bilhões. São os números do balanço auditado, sem ressalvas, depois de todo o descrédito enfrentado pela empresa nos últimos meses. A transparência exigida pelo mercado revela um rombo profundo, mas inferior às especulações. É com esses números que os investidores vão trabalhar a partir de hoje. O presidente Aldemir Bendine e o ministro Joaquim Levy esperam que seja o ponto de partida do renascimento.

Assaltada por uma quadrilha que reuniu empreiteiros corruptos, funcionários gananciosos e políticos inescrupulosos, a Petrobras tem todas as possibilidades de se reerguer a partir de novos parâmetros de governança. Apesar de todas as perdas, a estatal é sólida, está entre as maiores empresas de petróleo do mundo e tem um corpo técnico dos mais qualificados.

Vigiada com lupa depois da Operação Lava-Jato, a nova Petrobras terá de fechar todas as portas que permitiram a ação combinada do cartel das empreiteiras com os corruptos indicados pelos partidos aliados. Será preciso, também, blindar a empresa para que não seja mais usada para atender aos interesses políticos do governo de plantão.

O prejuízo bilionário da Petrobras não é apenas decorrência da corrupção e da exposição de suas vísceras na investigação da Lava-Jato. É, também, consequência de uma política demagógica de manter os preços dos combustíveis artificialmente baixos em nome de interesses eleitorais.

A presidente Dilma Rousseff está pagando a conta pelos erros e omissões de sua gestão, mas tem o mérito de ter começado a mudar, antes da Lava-Jato, a diretoria montada no governo do ex-presidente Lula. Dilma podia não saber em detalhes o que se passava nas entranhas da Petrobras, mas é sintomático que tenha demitido o presidente Sérgio Gabrielli no início de 2012.

Foi ela, também, quem exonerou Paulo Roberto Costa e Renato Duque (em 2012), ainda que na ata conste que um dos diretores corruptos renunciou ao cargo. Pedro Barusco, o corrupto que confessou receber propina desde 1997 e concordou em devolver US$ 100 milhões, saiu da empresa em 2010.

AVIÃO DE CARREIRA
Para demonstrar austeridade, o governador José Ivo Sartori nem cogita fretar um jatinho para ir a Brasília. Como das outras vezes, ele e os secretários Giovani Feltes e Cleber Benvegnú viajam em avião de carreira.

A audiência com Levy está marcada para as 11h. Se atrasar, o governador corre o risco de perder o voo de volta, que sai de Brasília às 14h40min, faz uma escala em Congonhas (São Paulo) e só chega a Porto Alegre às 19h18min.

BAILE DEPOIS DO PROTESTO
Para celebrar os 70 anos de fundação, o Cpers montou uma programação que combina protesto e festa.

O sindicato orientou os professores a paralisarem as atividades nas escolas amanhã.

Às 10h, haverá protesto em frente ao Palácio Piratini, cobrando o atendimento de reivindicações como o pagamento do piso salarial do magistério.

Às 20h30min, no Clube Farrapos, começa o jantar-baile dos 70 anos.

SUSPENSEATÉ AMANHÃ
Ao sair da audiência com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o governador José Ivo Sartori dará entrevista sobre os resultados do encontro, mas não dirá se os salários de abril serão pagos em dia ou parcelados.

Antes de bater o martelo, Sartori e Feltes se reunirão com os secretários Márcio Biolchi e Carlos Búrigo para analisar todos os cenários traçados pelos técnicos da Fazenda já com base na resposta de Levy e na arrecadação do ICMS da indústria. O que o governo vai fazer na noite de hoje é escolher se atrasa os salários ou os fornecedores.

O valor líquido da folha de pagamento dos servidores ativos e inativos é de R$ 935 milhões.

ELEVADOR SEM ASCENSORISTA
Na volta do feriadão, os funcionários da Assembleia encontraram os elevadores sem ascensoristas e cartazes informando que a situação se prolongará “por tempo indeterminado”.

A explicação oficial é de que o contrato com a empresa terceirizada venceu, a Assembleia fez nova licitação e a perdedora embargou o certame na Justiça.

FASE DE PLANTIO

Para quem se angustia com o ritmo lento do governador José Ivo Sartori, vai aqui uma explicação do próprio, dada ontem na reunião-almoço da Câmara da Indústria e Comércio, em Caxias do Sul: o governo está trabalhando em silêncio, sem espetáculo, plantando a semente da mudança.

– O plantio é silencioso. Festa só se faz na colheita – disse.

Aos empresários, Sartori disse que está estabelecendo um novo modelo de gestão, que vai da fixação de metas ao acompanhamento de resultados.

– Temos que diminuir o processo burocrático e melhorar a capacidade de atendimento – constatou.


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