23
de abril de 2015 | N° 18141POLÍTICA + |
ROSANE
DE OLIVEIRA
COMEÇAR DE NOVO, O DESAFIO DA
PETROBRAS
Sim,
os números são horríveis: a Petrobras teve um prejuízo deR$ 21,6 bilhões em
2014 e as perdas com a corrupção ficaram emR$ 6,2 bilhões. São os números do
balanço auditado, sem ressalvas, depois de todo o descrédito enfrentado pela
empresa nos últimos meses. A transparência exigida pelo mercado revela um rombo
profundo, mas inferior às especulações. É com esses números que os investidores
vão trabalhar a partir de hoje. O presidente Aldemir Bendine e o ministro
Joaquim Levy esperam que seja o ponto de partida do renascimento.
Assaltada
por uma quadrilha que reuniu empreiteiros corruptos, funcionários gananciosos e
políticos inescrupulosos, a Petrobras tem todas as possibilidades de se
reerguer a partir de novos parâmetros de governança. Apesar de todas as perdas,
a estatal é sólida, está entre as maiores empresas de petróleo do mundo e tem
um corpo técnico dos mais qualificados.
Vigiada
com lupa depois da Operação Lava-Jato, a nova Petrobras terá de fechar todas as
portas que permitiram a ação combinada do cartel das empreiteiras com os
corruptos indicados pelos partidos aliados. Será preciso, também, blindar a
empresa para que não seja mais usada para atender aos interesses políticos do
governo de plantão.
O
prejuízo bilionário da Petrobras não é apenas decorrência da corrupção e da
exposição de suas vísceras na investigação da Lava-Jato. É, também,
consequência de uma política demagógica de manter os preços dos combustíveis
artificialmente baixos em nome de interesses eleitorais.
A
presidente Dilma Rousseff está pagando a conta pelos erros e omissões de sua
gestão, mas tem o mérito de ter começado a mudar, antes da Lava-Jato, a
diretoria montada no governo do ex-presidente Lula. Dilma podia não saber em
detalhes o que se passava nas entranhas da Petrobras, mas é sintomático que
tenha demitido o presidente Sérgio Gabrielli no início de 2012.
Foi
ela, também, quem exonerou Paulo Roberto Costa e Renato Duque (em 2012), ainda
que na ata conste que um dos diretores corruptos renunciou ao cargo. Pedro
Barusco, o corrupto que confessou receber propina desde 1997 e concordou em
devolver US$ 100 milhões, saiu da empresa em 2010.
AVIÃO
DE CARREIRA
Para
demonstrar austeridade, o governador José Ivo Sartori nem cogita fretar um
jatinho para ir a Brasília. Como das outras vezes, ele e os secretários Giovani
Feltes e Cleber Benvegnú viajam em avião de carreira.
A
audiência com Levy está marcada para as 11h. Se atrasar, o governador corre o
risco de perder o voo de volta, que sai de Brasília às 14h40min, faz uma escala
em Congonhas (São Paulo) e só chega a Porto Alegre às 19h18min.
BAILE
DEPOIS DO PROTESTO
Para
celebrar os 70 anos de fundação, o Cpers montou uma programação que combina
protesto e festa.
O
sindicato orientou os professores a paralisarem as atividades nas escolas
amanhã.
Às
10h, haverá protesto em frente ao Palácio Piratini, cobrando o atendimento de
reivindicações como o pagamento do piso salarial do magistério.
Às
20h30min, no Clube Farrapos, começa o jantar-baile dos 70 anos.
SUSPENSEATÉ
AMANHÃ
Ao
sair da audiência com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o governador José
Ivo Sartori dará entrevista sobre os resultados do encontro, mas não dirá se os
salários de abril serão pagos em dia ou parcelados.
Antes
de bater o martelo, Sartori e Feltes se reunirão com os secretários Márcio
Biolchi e Carlos Búrigo para analisar todos os cenários traçados pelos técnicos
da Fazenda já com base na resposta de Levy e na arrecadação do ICMS da
indústria. O que o governo vai fazer na noite de hoje é escolher se atrasa os
salários ou os fornecedores.
O
valor líquido da folha de pagamento dos servidores ativos e inativos é de R$
935 milhões.
ELEVADOR
SEM ASCENSORISTA
Na
volta do feriadão, os funcionários da Assembleia encontraram os elevadores sem
ascensoristas e cartazes informando que a situação se prolongará “por tempo
indeterminado”.
A
explicação oficial é de que o contrato com a empresa terceirizada venceu, a
Assembleia fez nova licitação e a perdedora embargou o certame na Justiça.
FASE
DE PLANTIO
Para
quem se angustia com o ritmo lento do governador José Ivo Sartori, vai aqui uma
explicação do próprio, dada ontem na reunião-almoço da Câmara da Indústria e
Comércio, em Caxias do Sul: o governo está trabalhando em silêncio, sem
espetáculo, plantando a semente da mudança.
– O
plantio é silencioso. Festa só se faz na colheita – disse.
Aos
empresários, Sartori disse que está estabelecendo um novo modelo de gestão, que
vai da fixação de metas ao acompanhamento de resultados.
–
Temos que diminuir o processo burocrático e melhorar a capacidade de
atendimento – constatou.
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