sexta-feira, 24 de abril de 2015

Jaime Cimenti

Temporalidades brasileiras recentes

História do tempo presente (FGV Editora, 316 páginas), com organização das professoras Lucilia de Almeida Neves Delgado e Marieta de Moraes Ferreira, apresenta textos das organizadoras e de outros especialistas sobre questões que envolvem o conhecimento crítico, a memória, a nova história e o tempo presente de nosso País.

A obra tem apresentação do professor Rodrigo Patto Sá Motta, do Departamento de História da UFMG, que escreveu: "nesta coletânea, o leitor vai encontrar uma boa amostra das pesquisas e reflexões que os historiadores brasileiros dedicados a temporalidades recentes vêm desenvolvendo". A obra tem amplitude nacional, já que reúne autores de várias partes do País, em sua maioria pesquisadores experimentados e respeitados na área, ao lado de jovens muito promissores. Os capítulos abordam amplo leque temático e teórico, com destaque para política, memória, movimentos sociais e imprensa, e estão unidos - além da aproximação pelo aspecto da temporalidade - pela qualidade dos textos e das respectivas pesquisas. Uma proveitosa leitura, certamente.

A primeira parte da obra trata do lugar do historiador, fala do presente dos historiadores, se é possível fazer tábula rasa do passado e levanta questões e problemas de pesquisa histórica. A segunda parte do volume fala de presente, política e memória, tratando de interseções, Jango, cinema, resistência estudantil, ditadura, anos 1970, instituições sindicais brasileiras e uso de novas tecnologias para construção de sua memória; Comissão Nacional da Verdade, tempo das Diretas Já!, Brizola, funerais de presidentes e outros temas.

A terceira e última parte do volume trata de mídia, memória e história, imprensa e espaço público, mídia brasileira no século XXI, desafios na pesquisa histórica e grande imprensa como fonte e objeto de estudo.

O livro resultou dos textos apresentados em Simpósio da Associação Nacional de História (Anpuh), o que demonstra a qualidade dos eventos da entidade dos historiadores brasileiros, bem como atesta a importância de se enfocar os acontecimentos recentes da História do Brasil.

Deve ser ressaltada a filiação temática do livro. A chamada história do tempo presente ocupa lugar cada vez mais destacado na historiografia atual, colocando os historiadores num papel de contribuição social de alto relevo. Já se foi o tempo da visão tradicionalista que argumentava que o passado recente não poderia ser objeto da história.

Hoje, nota-se que o estudo da história recente é um dos setores mais dinâmicos para os historiadores, apesar das dificuldades inerentes. De mais a mais, como se sabe, é um dos campos de historiografia mais propensos ao diálogo interdisciplinar.


Enfim, a obra quer ser útil para uma fértil discussão sobre o campo, os sujeitos, as fontes, os limites e as perspectivas de construção de um saber crítico sobre memória, nova história política e história do tempo presente.

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