segunda-feira, 6 de abril de 2015



06 de abril de 2015 | N° 18124
MOISÉS MENDES

Até Gisele envelhece

Uma tarde dessas, eu e o Kadão Chaves sentamos no bar aqui da Redação e afastamos todos os que tentavam se aproximar para falar de futebol e política. Lembrávamos o dia em que descemos a Mostardeiro, numa manhã gelada de julho, ao lado de Gisele Bündchen.

Faz 15 anos agora. Gisele ia comprar um equipamento de ginástica para a irmã Patrícia numa loja perto do Parcão. Estava com a mãe, dona Vânia, e desceu a rua de jeans, tênis e boné, com as mãos enfiadas numa jaqueta. A moça ainda era mortal.

Fomos, Kadão e eu, descendo a rua e conversando com Gisele sobre Horizontina e Nova York. Tenho uma foto em que o Kadão, maldosamente, me colocou na parte baixa do descidão, ao lado de Gisele, na parte alta, e eu virei um anão no jardim de Nefertiti.

Lembramos isso tudo agora porque Gisele anunciou que vai abandonar as passarelas. Fomos – eu, o Kadão e o Tadeu Vilani – os primeiros a contar a aventura de Gisele em reportagem na revista Donna, em agosto de 2000.

Eu nunca tinha ouvido falar de Gisele, quando a Sandra Simon, editora da revista na época, e o Marcelo Rech, então diretor de Redação, me disseram que eu deveria fazer um perfil da guria.

E contamos então a história da magrela atrevida que deixou Horizontina aos 14 anos para morar em São Paulo e com 16 se foi para Nova York. Assustou-se e vacilou na primeira tentativa, retornou ao Brasil, mas depois voltou para ficar. Em três anos, ganhou capa da Vogue como a número 1 do mundo. Há uma década e meia, é a número 1.

E dizer que Gisele tinha um “problema”, identificado no começo por quem não entendia de beleza: o nariz grande. O nariz a atrapalhava. Pois foi também o nariz poderoso que a diferenciou de todas as outras belas. Ela não chegaria a tanto se tivesse o nariz do Michael Jackson.

Gisele tem dito que está gostando de envelhecer. Ah, sabemos muito bem como é boa a velhice aos 34 anos.

Se me pedissem para escolher um ícone gaúcho, eu não escolheria nenhuma das figuras que associam o Rio Grande a gaudérios. Eles já deram o que tinham que dar como imagem do gaúcho. Eu escolheria Gisele.


Pois há 15 anos, Kadão e eu descemos a Mostardeiro com Gisele. Quem ainda está longe de envelhecer deve achar que isso não tem a menor importância.

Nenhum comentário: