Jaime cimenti
Solidão e preconceito por Alcy
Cheuiche
Alcy
Cheuiche é um dos autores brasileiros mais importantes em atividade, tendo
publicado em torno de 20 obras. Ana Sem Terra, seu romance mais conhecido,
encontra-se em nona edição pela L&PM Pocket. O mestiço de São Borja; Sepé
Tiaraju; e Nos céus de Paris - Romance da vida de Santos Dumont são outros
títulos do escritor que a crítica e o público fortemente acolheram.
Cheuiche
já recebeu inúmeros prêmios e homenagens, entre os quais o Prêmio Açorianos, a
Medalha Simões Lopes Neto, o Troféu Guri e foi patrono da Feira do Livro de
Porto Alegre em 2006. Cheuiche tem obras publicadas em vários países e proferiu
conferências no Brasil e no exterior. É tradutor e orientador de oficinas de
criação literária, sendo que, a partir delas, já foram publicados 35 livros.
O
farol da solidão (AGE, 145 páginas, R$ 35,00) é seu mais novo romance, lançado
há poucos dias, e segue na principal tendência do escritor, que é o romance
histórico. Cheuiche já retratou Santos Dumont, João Cândido, Sepé Tiaraju,
Bento Gonçalves, Garibaldi e Anita, Getúlio Vargas, Otávio Correa e muitos
outros. Neste romance, o personagem principal é o falecido deputado estadual
Carlos Santos, deputado negro que deixou marcas profundas no Rio Grande do Sul
e no Brasil. Para tanto, o autor recriou o quilombo causador do naufrágio do
navio inglês Príncipe de Gales, origem da Questão Christie, que levou Dom Pedro
II a romper relações com a Inglaterra.
O
autor une passado com presente através de uma parábola. A história de um homem
que decide se isolar para sempre do convívio humano num velho farol perdido nas
areias do Atlântico Sul. A vida, através da revoada milenar das aves
migratórias, vai buscá-lo de volta. O autor mergulha bem fundo nas questões da
solidão e do preconceito, expondo totalmente seus personagens aos olhos dos
leitores, trabalhando meticulosamente os detalhes de cada cena abordada, a
moldura histórica dos quadros que pinta e os passos das ações.
O
leitor sente-se lendo um thriller de Georges Simenon. Maduro como escritor,
Cheuiche, especialista em romances históricos?, refina cada vez mais seus
instrumentos de ofício e, assim, saem ganhando os seus leitores.
Em
mensagem ao autor, o professor-doutor Flávio Loureiro Chaves considera O farol
da solidão um dos melhores textos do romancista, por resumir, numa narrativa de
uma centena e meia de páginas, dois séculos de história, recriando com incrível
realismo o quilombo causador do naufrágio do navio Príncipe de Gales e por
retratar com talento o isolamento do protagonista e seu retorno à vida.
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