sexta-feira, 17 de abril de 2015

Jaime cimenti

Solidão e preconceito por Alcy Cheuiche

Alcy Cheuiche é um dos autores brasileiros mais importantes em atividade, tendo publicado em torno de 20 obras. Ana Sem Terra, seu romance mais conhecido, encontra-se em nona edição pela L&PM Pocket. O mestiço de São Borja; Sepé Tiaraju; e Nos céus de Paris - Romance da vida de Santos Dumont são outros títulos do escritor que a crítica e o público fortemente acolheram.

Cheuiche já recebeu inúmeros prêmios e homenagens, entre os quais o Prêmio Açorianos, a Medalha Simões Lopes Neto, o Troféu Guri e foi patrono da Feira do Livro de Porto Alegre em 2006. Cheuiche tem obras publicadas em vários países e proferiu conferências no Brasil e no exterior. É tradutor e orientador de oficinas de criação literária, sendo que, a partir delas, já foram publicados 35 livros.

O farol da solidão (AGE, 145 páginas, R$ 35,00) é seu mais novo romance, lançado há poucos dias, e segue na principal tendência do escritor, que é o romance histórico. Cheuiche já retratou Santos Dumont, João Cândido, Sepé Tiaraju, Bento Gonçalves, Garibaldi e Anita, Getúlio Vargas, Otávio Correa e muitos outros. Neste romance, o personagem principal é o falecido deputado estadual Carlos Santos, deputado negro que deixou marcas profundas no Rio Grande do Sul e no Brasil. Para tanto, o autor recriou o quilombo causador do naufrágio do navio inglês Príncipe de Gales, origem da Questão Christie, que levou Dom Pedro II a romper relações com a Inglaterra.

O autor une passado com presente através de uma parábola. A história de um homem que decide se isolar para sempre do convívio humano num velho farol perdido nas areias do Atlântico Sul. A vida, através da revoada milenar das aves migratórias, vai buscá-lo de volta. O autor mergulha bem fundo nas questões da solidão e do preconceito, expondo totalmente seus personagens aos olhos dos leitores, trabalhando meticulosamente os detalhes de cada cena abordada, a moldura histórica dos quadros que pinta e os passos das ações.

O leitor sente-se lendo um thriller de Georges Simenon. Maduro como escritor, Cheuiche, especialista em romances históricos?, refina cada vez mais seus instrumentos de ofício e, assim, saem ganhando os seus leitores.


Em mensagem ao autor, o professor-doutor Flávio Loureiro Chaves considera O farol da solidão um dos melhores textos do romancista, por resumir, numa narrativa de uma centena e meia de páginas, dois séculos de história, recriando com incrível realismo o quilombo causador do naufrágio do navio Príncipe de Gales e por retratar com talento o isolamento do protagonista e seu retorno à vida.

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