18
de abril de 2015 | N° 18136
ARTIGOS
- JOABEL PEREIRA*
NOSSAS POBRES ESCOLAS
Afalta
de professores nas escolas públicas estaduais já não é notícia. Assim como as
justificativas – muitas plausíveis, é certo – de aposentadoria, licença-saúde
ou afastamento definitivo. Talvez isso explique por que nossas escolas não
sejam respeitadas por alunos, comunidade e até professores.
Sem
pretender apontar soluções definitivas, parece justo dizer que há duas questões
a considerar: a falta de planejamento e o desinteresse pela educação. E
imediatamente as críticas e responsabilidades são atribuídas ao governo, que não
providencia as condições para pleno e regular funcionamento das escolas.
E
onde está e o que faz a chamada “comunidade escolar”, constituída por
professores, alunos e familiares destes? Vejamos um exemplo, o prédio do
Instituto de Educação Flores da Cunha, que agora será recuperado. Quase uma
centena de vidros quebrados, assim como janelas danificadas, paredes pichadas e
lixo acumulado em quase toda a área externa.
É possível
qualidade de ensino onde a disciplina foi afastada das regras de convivência?
Por que os vidros das janelas vão sendo quebrados um a um, sem nada acontecer?
Assim
como as classes, os banheiros e bebedouros são danificados e ficam à espera do
conserto por parte do governo?
A
conservação das escolas não precisa nem deve ser responsabilidade única do
Estado. A comunidade escolar tem que assumir a sua parte, partindo do simplório
princípio de que, quebrou, pagou. É assim na vida real, cabendo ao causador do
prejuízo a sua reparação. Mas para isso é preciso administração atenta e
comunidade participativa.
A
escola não pode se limitar a transmitir conhecimento, tem que ajudar na educação,
principalmente numa sociedade em que pais e responsáveis cuidam do sustento,
transferindo boa parte da responsabilidade pela criação dos filhos às escolas. Só
a responsabilidade, não a autoridade. Enquanto a comunidade espera pelo governo
e o governo não tem como fazer, a solução pode ser a solidariedade.
Professores,
alunos e familiares, todos ajudando a manter condições satisfatórias para que o
aluno aprenda a gostar, ainda mais, de estudar. Mas, para isso, precisamos de
mestres e não só de professores. E de pais comprometidos. Fora disso,
continuaremos reclamando dos governos e convivendo com nossas pobres escolas.
*Jornalista
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