quarta-feira, 5 de março de 2014


05 de março de 2014 | N° 17723
EDITORIAIS ZH

HORA DE TORCER A FAVOR

A passagem do número simbólico dos cem dias na contagem regressiva para a Copa motivou balanços positivos e negativos sobre o evento, com visível e planejado otimismo das autoridades diretamente envolvidas, de olho nos dividendos políticos, e pessimismo igualmente interesseiro dos torcedores do contra. É fácil de entender por que governantes e administradores comprometidos com o evento empenham-se tanto para que dê certo. Se isso ocorrer, eles certamente colherão dividendos para suas carreiras. Além disso, deve haver quem queira simplesmente que o Brasil mostre ao mundo que tem competência para promover uma festa internacional dessa dimensão.

Menos fácil de compreender é por que algumas pessoas e grupos organizados se esforçam tanto para boicotar o próprio país. A Copa é uma realidade, as obras programadas para deixar estádios e acessos em boas condições estão em pleno andamento, o povo brasileiro ama futebol e, além disso, haverá um legado para a população. O país está gastando demais? Pode ser. Em relação isso, todos temos o direito de protestar e o dever de cobrar transparência dos gestores públicos, responsabilizando-os por eventuais abusos. Só não dá mais para parar a Copa.

Há gente bem-intencionada na turma do contra. Quem acha que o dinheiro gasto na preparação do evento esportivo deveria ser utilizado para custear serviços públicos essenciais pode estar coberto de razão, mas o momento para esta argumentação, infelizmente, já passou. O debate teria sentido em 2007, quando o Brasil foi escolhido pela Fifa como sede do evento, concorrendo com outros países interessados. Agora é um debate tardio e inconsequente.

O momento requer outro posicionamento dos brasileiros verdadeiramente interessados no bem do país. Sem renunciar ao direito de fiscalizar e cobrar transparência, chegou a hora de torcer para o sucesso do país neste empreendimento difícil e desafiador. E, na medida do possível, devemos todos tentar desvincular o evento esportivo da situa- ção política.

Ninguém pode ser ingênuo a ponto de achar que o sucesso ou o fracasso da Copa não terá influência no processo eleitoral. Só não se pode achar que será decisiva. Vale lembrar que, em 2006, no pentacampeonato, a oposição conquistou o poder com Lula sobre uma situação vencedora da Copa, representada então por Geraldo Alckmin. E, em 1994, quando o Brasil conquistou o tetra, o Plano Real teve muito mais influência na eleição de Fernando Henrique Cardoso do que a conquista futebolística do governo Itamar.


Então, deixemos o processo eleitoral para o seu devido tempo e torçamos para que o Brasil faça bonito no Mundial. Dentro e fora de campo.

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