26
de março de 2014 | N° 17744
ARTIGOS
- Gilda Pulcherio*
Quando o amor não
basta
O
consumo de drogas permeia a história da humanidade. E, com muita tristeza,
deparamos, ainda, com verdadeiras tragédias que envolvem este consumo. Algumas
são tragédias anunciadas. Não só pelo comportamento violento do usuário, mas
também pela ausência de tratamento. É comum que um dos cônjuges pense que, com
seu afeto, poderá ajudar o outro a sair da dependência.
Eis
a questão! Dependência implica doença. E, neste caso, a doença implica
tratamento médico e psicológico. Assim como muitos minimizam ou desconhecem o
conceito de dependência. É um diagnóstico! Não se trata de amor ou ódio. Quando
há doença clínica como hipertensão arterial ou diabetes, ninguém tem dúvida
quanto à necessidade profissional. Mas, quando os problemas são de ordem
psicológica ou psiquiátrica, ainda há muitas resistências. E muitas quando se
trata do consumo de drogas que sempre vão existir. Os cuidados e a prevenção
são eternos.
Neste
momento, anuncia-se a chegada de novas drogas ao país. E, em alguns casos, com
um alto preço a pagar. Até quando vamos nos deixar ficar passivamente à espera
de desfechos nas situações acima? Hoje, todos sabemos dos riscos e
conse-quências do consumo de substâncias psicoativas. Sabemos hoje o que não
tínhamos ideia há décadas atrás. Atualmente estão mais “pesadas” do que há 20
anos.
Mesmo
assim, jovens e adultos continuam consumindo largamente drogas lícitas e
ilícitas. As mulheres unem-se aos homens, até porque agora estão podendo. Mas
as consequências para as mulheres podem ser mais nefastas do que para os
homens. A síndrome alcoólica fetal é um legado feminino. E tudo com o
conhecimento e a permissão da sociedade.
Embora
já tenhamos lei que proíba a venda de alcoólicos para menores, eles continuam
sendo vendidos e todos fazemos “vistas grossas”. Enquanto não nos preocuparmos
com a prevenção, vamos ter que carregar as consequências. Alguns para o resto
de suas vidas.
O
emocional orienta nossas ações. Senão, seríamos meros robôs. Por isso é tão
importante que estejamos abertos para o entendimento de que a vida nos traz
muitos conflitos em seu pacote e que o tratamento, quando indicado, é
importante para a vida, para nos ajudar a sermos pessoas melhores e satisfeitas
com nossas escolhas.
*PSIQUIATRA
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