domingo, 30 de março de 2014


ELIANE CANTANHÊDE

Desastres nada naturais

BRASÍLIA - Para a presidente e candidata Dilma Rousseff, a semana passada foi um desastre na política e na economia. E nada indica que vá melhorar nesta e nas próximas.

Começou com o rebaixamento da nota do Brasil, que a Fazenda, zangada, desdenhou como "inconsistente". Os resultados da economia no resto da semana, porém, confirmaram que a agência de classificação de risco Standard & Poor's não estava chutando.

Primeiro, veio o rombo das contas do Tesouro em fevereiro, com os gastos federais superando a arrecadação em mais de R$ 3 bilhões e ameaçando o compromisso do governo com um superávit primário robusto neste ano. Depois, veio o IGP-M batendo em 7,3% em 12 meses, reforçando o que o mercado vem dizendo: a inflação pode ultrapassar o teto da meta em 2014.

Na política, a compra esquisita da refinaria de Pasadena, nos EUA, jogou luzes sobre a bagunça, o desmando, a perda de valor e o aparelhamento da Petrobras desde o governo Lula e, de quebra, queimou a imagem de "gerentona" de Dilma.

Mas o pior é que Pasadena catalisou a insatisfação crescente do Congresso. Como as oposições conseguiram assinaturas suficientes para a CPI, se a presidente tem a maior base aliada das galáxias?

Todo esse caldo de erros na economia, na política e na gestão acabaria, mais cedo ou mais tarde, entornando nas pesquisas. Pois a CNI/Ibope apontou que a percepção popular sobre o governo desandou em todos os itens e áreas e que a popularidade de Dilma caiu 7 pontos.

A semana fechou com o ministro Edison Lobão, que está rouco de tanto negar o racionamento, falando em economia de energia para não faltar luz na Copa. Não é demais?


Entretanto, o desemprego continua baixo e em queda e as ações da Petrobras dispararam, a Bolsa subiu e o dólar caiu, apesar de todos os desastres. Ou seria justamente por causa deles e do que projetam? Isso dá uma boa reflexão.

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