sexta-feira, 21 de março de 2014

Jaime Cimenti

O ponto turístico mais visitado do mundo

Os shoppings e o american way of life venceram. Depois da Segunda Guerra Mundial, é Coca-cola, jazz, rock, hamburger e shopping. Com origem nos milenares bazares do Oriente, passagens históricas pela Inglaterra e pela França e desenvolvidos pelos brothers norte-americanos, os centros comerciais, catedrais do consumo, paraísos artificiais, pracinhas pós-modernas, o que você quiser, já são eternos como as pirâmides.

O Dubai Mall, maior espaço de varejo do mundo, 1.200 lojas, 14 mil vagas de estacionamento, 1,1 milhão de metros quadrados, 22 salas de cinema, aquário gigante com 250 espécies, pista de gelo com dimensões olímpicas e muitos outros borogodós, é o ponto turístico mais visitado do planeta. Cerca de 75 milhões de pessoas desfilam por lá todo ano. É mole?  Não, é mall.

Desculpe o trocadalho que não é do carilho. Sorry, periferia. O Times Square, em Nova Iorque, recebeu 25 milhões de pessoas em 2012, a Disney World, 17 milhões, e a Torre Eiffel, tadinha, só seis milhões no mesmo ano. Não tem pra ninguém, os shoppings são a realidade de consumo dos residentes, dos turistas, dos que estão em trânsito e dos que não tem mais o que fazer.

Tem um casal que eu conheço que passa os dias e as noites no Shopping Moinhos, e desconfio que eles estão pretendendo morar no Sheraton-Shopping para não precisar mais de empregada,  automóvel, taxi ou  ônibus e não se preocupar em comprar tomate, pano de chão, pão e requeijão na esquina. Não sei como a Unesco, até agora, não declarou o shopping Dubai Mall e alguns outros como Patrimônios Culturais da Humanidade.

Fica a sugestão para o Comitê. Shopping é comercio, história, arquitetura, serviço, cultura, turismo, hospital, pracinha, vida pública, vida privada, azaração, cinema, teatro, sala do cafezinho e de conversas filosóficas sobre Lacan. Shopping é tudo e mais um pouco. Início e fim da humanidade,talvez. Te liga, Unesco! Pois é.

O Dubai Mall, incrivelmente um centro comercial que floresceu no deserto, além de ser literalmente das arábias, que eu saiba, não tem rolezinhos. Dizem que uns quinhentos manos estão pensando num sequestro light, pacífico, de um Airbus A380 para ir até lá. Acham que o rolezinho oriental daria visibilidade mundial e mídia gratuita para o movimento, os protestos, etc. Se bobear pinta um patrocinador ou alguma ação de mídia, YouTube, o escambau.


Isso tudo, claro, deve ser invenção de algum ficcionista superocupado ou de jornalista com excesso de assunto. Já tomou o seu Toddy e já foi no seu shopping hoje? Então tome e vá! Só não vai quem já morreu.

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