ELIANE
CANTANHÊDE
Rasgando a
fantasia
BRASÍLIA
- A Petrobras foi a estrela das eleições de 2010 e pode ser novamente na de 2014
--às avessas.
Durante
toda a campanha de Dilma, Lula martelava que a oposição privatizaria a
Petrobras, enquanto produzia mais de dez eventos para impregnar o imaginário
popular com a ideia de que a empresa símbolo do país, o petróleo e os novos
poços eram obras suas.
Botava
sua candidata debaixo do braço, fantasiava-se com o macacão cor de abóbora e o
capacete da Petrobras e borrava as mãos de óleo, insistindo numa
autossuficiência no setor que nunca chegou.
Como
ensina o marqueteiro João Santana, e o ilusionista Lula está careca de saber,
campanhas não trabalham com a realidade, mas com símbolos, emoções e o
imaginário coletivo. Se as versões não correspondem aos fatos, danem-se os
fatos.
Os
fatos, porém, são implacáveis. Mais cedo ou mais tarde, acabam rasgando
fantasias e mentiras de palanque. Depois de Lula e Dilma, a Petrobras vive um
desastre, deixou de ser a maior empresa do país nas Bolsas, ninguém mais fala
em pré-sal, o belo programa do álcool evaporou. E os escândalos estão aí,
exigindo explicações e um mínimo de coerência.
CPI
não vai sair, porque a maioria governista é avassaladora, e mesmo que saísse
não iria longe, porque já não se fazem CPIs como antigamente. Mas a operação
Pasadena --pela qual a Petrobras pagou US$ 1,18 bilhão por uma refinaria que
antes valia US$ 42,5 milhões-- mexe não só com símbolos, emoções e o imaginário
popular. Mexe com a realidade e no sentido oposto ao de um presidente ofendendo
regras e o bom senso metido num macacão cor de abóbora e criando ilusões na
massa.
É
por isso que Dilma diz uma coisa, Lula acha outra, Gabrielli se debate, Cerveró
é demitido seis anos depois, de repente, e não há respostas minimamente
satisfatórias à sociedade, aos acionistas e à própria história --que vai além
de campanhas e de ilusionismos.
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