sábado, 29 de março de 2014


30 de março de 2014 | N° 17748
CARTA DO EDITOR | NILSON VARGAS

O golpe revisitado

Viva a democracia! Ela está permitindo, sem amarras, que o Brasil revisite um dos episódios mais marcantes de sua história: o golpe militar de 1964 e seus desdobramentos em 21 anos de ditadura. E a imprensa – nunca é demais lembrar que sem ela não há democracia – cumpre um papel relevante neste processo.

Zero Hora não esperou o 31 de março para tratar dos 50 anos do golpe. Nas últimas semanas, em vários espaços, tem publicado reportagens, análises, resgates históricos e revelações que ajudam a mergulhar no tema. Confira ao lado parte do nosso cardápio de conteúdos e acesse todos eles em zhora.co/50anosdogolpe ou usando o código abaixo.

A MÃO CIVIL

Grupos de empresários e estudantes, setores da imprensa e da Igreja Católica e figuras como o político Carlos Lacerda estão entre os representantes civis que chancelaram a derrubada do presidente João Goulart e a ascensão dos militares ao poder. O papel dos civis é analisado em caderno especial nesta edição. Na versão digital, o caderno é enriquecido com conteúdos como a música do cantor Teixeirinha em homenagem ao então presidente Médici, evidenciando a simpatia dos tradicionalistas com os militares.

A RESISTÊNCIA

Documentário já disponível em zerohora.com reconstitui duas passagens do que grupos de esquerda batizaram como resistência armada: o assalto a uma agência do Banco do Brasil em Viamão, em março de 1970, e, dias depois, a tentativa de sequestro do cônsul dos Estados Unidos em Porto Alegre. Duas ações frustradas que acabaram levando guerrilheiros a prisão e torturas.

CULTURA GOLPEADA

Em quatro edições de março, o caderno Cultura mostrou os impactos da ditadura sobre a música, o cinema, o teatro e as artes visuais, ressaltando alguns dos mais nefastos traços do regime militar, que impôs censura, repressão e perseguições para sufocar a oposição.

HERANÇA ECONÔMICA

Publicada em 23 de março, uma reportagem do caderno Dinheiro percorreu os feitos dos governos militares na economia. Mostrou avanços em áreas como infraestrutura e sublinhou o legado negativo, que incluiu dívida externa, favelização, desemprego e inflação.

USTRA FALA

O coronel Brilhante Ustra, primeiro militar apontado pela Justiça como torturador, tentou negar esta condição em entrevista publicada domingo passado. Mas não resistiu às perguntas da repórter Cleidi Pereira e acabou reconhecendo o uso de técnicas como o interrogatório contínuo, além de dar detalhes de métodos repressivos.

O TORTURADOR

Na sexta-feira, ZH revelou que Paulo Malhães, coronel que torturava e matava no Rio de Janeiro, esteve no RS em 1970 com uma missão sinistra: ensinar e requintar métodos de tortura.

RECONTANDO A HISTÓRIA


Em novembro de 2012, quando não se falava de 50 anos do golpe, ZH desfez uma farsa. Com base em documentos guardados por um militar morto em Porto Alegre, provou que o ex-deputado Rubens Paiva dera entrada em uma unidade da repressão no Rio antes de desaparecer, algo que o regime militar negava. A revelação fez avançar a investigação sobre o assassinato do político, um dos episódios mais simbólicos dos anos de chumbo.

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