30
de março de 2014 | N° 17748
CARTA
DO EDITOR | NILSON VARGAS
O golpe
revisitado
Viva
a democracia! Ela está permitindo, sem amarras, que o Brasil revisite um dos
episódios mais marcantes de sua história: o golpe militar de 1964 e seus
desdobramentos em 21 anos de ditadura. E a imprensa – nunca é demais lembrar
que sem ela não há democracia – cumpre um papel relevante neste processo.
Zero
Hora não esperou o 31 de março para tratar dos 50 anos do golpe. Nas últimas
semanas, em vários espaços, tem publicado reportagens, análises, resgates
históricos e revelações que ajudam a mergulhar no tema. Confira ao lado parte
do nosso cardápio de conteúdos e acesse todos eles em zhora.co/50anosdogolpe ou
usando o código abaixo.
A
MÃO CIVIL
Grupos
de empresários e estudantes, setores da imprensa e da Igreja Católica e figuras
como o político Carlos Lacerda estão entre os representantes civis que chancelaram
a derrubada do presidente João Goulart e a ascensão dos militares ao poder. O
papel dos civis é analisado em caderno especial nesta edição. Na versão
digital, o caderno é enriquecido com conteúdos como a música do cantor
Teixeirinha em homenagem ao então presidente Médici, evidenciando a simpatia
dos tradicionalistas com os militares.
A
RESISTÊNCIA
Documentário
já disponível em zerohora.com reconstitui duas passagens do que grupos de
esquerda batizaram como resistência armada: o assalto a uma agência do Banco do
Brasil em Viamão, em março de 1970, e, dias depois, a tentativa de sequestro do
cônsul dos Estados Unidos em Porto Alegre. Duas ações frustradas que acabaram
levando guerrilheiros a prisão e torturas.
CULTURA
GOLPEADA
Em
quatro edições de março, o caderno Cultura mostrou os impactos da ditadura
sobre a música, o cinema, o teatro e as artes visuais, ressaltando alguns dos
mais nefastos traços do regime militar, que impôs censura, repressão e
perseguições para sufocar a oposição.
HERANÇA
ECONÔMICA
Publicada
em 23 de março, uma reportagem do caderno Dinheiro percorreu os feitos dos
governos militares na economia. Mostrou avanços em áreas como infraestrutura e
sublinhou o legado negativo, que incluiu dívida externa, favelização,
desemprego e inflação.
USTRA
FALA
O
coronel Brilhante Ustra, primeiro militar apontado pela Justiça como
torturador, tentou negar esta condição em entrevista publicada domingo passado.
Mas não resistiu às perguntas da repórter Cleidi Pereira e acabou reconhecendo
o uso de técnicas como o interrogatório contínuo, além de dar detalhes de
métodos repressivos.
O
TORTURADOR
Na
sexta-feira, ZH revelou que Paulo Malhães, coronel que torturava e matava no
Rio de Janeiro, esteve no RS em 1970 com uma missão sinistra: ensinar e
requintar métodos de tortura.
RECONTANDO
A HISTÓRIA
Em
novembro de 2012, quando não se falava de 50 anos do golpe, ZH desfez uma
farsa. Com base em documentos guardados por um militar morto em Porto Alegre,
provou que o ex-deputado Rubens Paiva dera entrada em uma unidade da repressão
no Rio antes de desaparecer, algo que o regime militar negava. A revelação fez
avançar a investigação sobre o assassinato do político, um dos episódios mais
simbólicos dos anos de chumbo.
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