29
de março de 2014 | N° 17747
PAULO
SANT’ANA
Parabéns, Porto
Alegre!
Completou,
na quarta-feira passada, 242 anos de fundação minha querida Porto Alegre.
Continuou
debruçada à beira do Guaíba, o rio que foi massacrado durante os últimos 60
anos por uma poluição encarniçada.
Eu
ainda alcancei, nos anos 50, um Rio Guaíba balneável. Em Belém, a gente entrava
no rio com água até o pescoço e, incrível, viam-se junto aos nossos pés, lá no
fundo, os lambaris balouçantes, era uma água cristalina. Juro que alcancei esse
tempo de delícias.
Apareceram
nos últimos anos o Parque Moinhos de Vento e o Marinha do Brasil para
reforçarem o alquebrado Parque Farroupilha, a nossa Redenção, que resiste
bravamente à estupidez indizível de não a terem cercado.
Acontece
que nós, que nascemos em Porto Alegre, clamamos veementemente aos poderes
públicos para que cerquem a Redenção. Mas os forasteiros, os que vieram de
outras cidades e foram acolhidos por Porto Alegre, não querem que se cerque o
Parque.
E
assim vemo-lo todos os dias sendo depredado, suas estátuas são quebradas, suas
árvores e equipamentos são agredidos.
E o
fantástico é que toda a destruição da Redenção se dá à noite, quando só
frequentam o Parque os vândalos e os vagabundos.
Por
isso é que se tem de cercá-lo, para protegê-lo à noite e abri-lo estuante
durante o dia.
Fez,
nesta semana, 242 anos de idade a nossa querida Porto Alegre. Quando nasci,
Porto Alegre era ainda uma quase aldeia, tinha 400 mil habitantes apenas. Agora
já virou metrópole pretensiosa, embora incrivelmente ainda não tenha metrô. Se
o tivesse, seria uma metrópole maior de idade.
Porto
Alegre do meu tempo tinha bondes, hoje deu-se lugar imbecilmente a milhares de
ônibus poluentes que emperram o trânsito, porém de greve em greve vão quebrando
o galho do transporte público.
Reparam,
os meus leitores, que os morros que circundam Porto Alegre foram
lamentavelmente crivados de habitações?
Quando
eu era criança, o Morro da Polícia era pelado de casas, hoje ficou repleto de
residências e perdeu aquele ar silvestre que tinha. Certamente os pássaros
foram expulsos não sei para onde, deixaram a cidade e com isso esmaeceram a
poesia.
Mas
está aí, ainda oferecida diante dos nossos olhos, nossa querida Porto Alegre, a
capital de todos os gaúchos.
Saiu
daqui de Porto Alegre, onde estava refugiada de sua Minas Gerais, a nossa
estimada Dilma Rousseff para ser presidente da República. Reconheçamos que ela
tem dado atenção especial a Porto Alegre e ao Rio Grande.
Mas
ainda falta o nosso metrô, dona Dilma.
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