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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
14 de janeiro de 2011 | N° 16580
EDUCADOR “RECLAMÃO”
Artigo abre debate sobre postura dos professores
Em texto, advogado e jornalista critica suposto comodismo em sala de aula
Vítima ou protagonista? O papel do professor em sala de aula provoca debate entre educadores e pesquisadores. Artigo publicado ontem na página 19 de Zero Hora despertou a discussão em torno da postura daqueles que reclamam demais e muitas vezes se acomodam diante dos percalços do cotidiano escolar.
No texto, o advogado e jornalista Cleber Benvegnú critica o comportamento daqueles professores que reclamam muito das agruras da profissão, mas pouco fazem para se aperfeiçoar, não leem, estão desatualizados com as novas tecnologias e transformam o cotidiano “numa lamúria permanente”.
Especialistas reconhecem que a figura do reclamão, nunca contente e na posição de vítima, povoa salas de aula. Fernando Becker, professor titular de Psicologia da Educação da UFRGS, diz que essa cultura é bastante comum no magistério:
– Os sindicatos de professores exploram isso, cria-se uma mentalidade de que o professor é uma vítima. É difícil dizer: por que dois professores, nas mesmas condições adversas, um continua se atualizando e o outro se atira nas cordas?
Cecília Farias, diretora do Sindicato dos Professores (Sinpro/RS), reconhece esse comportamento, mas critica o enfoque do artigo.
– Essa manifestação não ajuda porque centraliza o problema no professor, em um tipo específico de professor – argumenta Cecília.
Para melhorar a autoestima, ela sugere uma formação continuada e uma remuneração que garanta acesso a cultura, lazer e novas tecnologias.
– Esse tipo de professor existe, mas é preciso dar condições a ele para que possa mudar. Disputamos a atenção dos alunos com todas as coisas interessantes do lado de fora da escola.
Para a 2ª vice-presidente do Cpers, Neiva Lazzarotto, a tese de vitimização é equivocada:
– Com seu salário, o professor não consegue comprar livros, jornais. Há problemas estruturais graves, não é falta de vontade do professor.
Orian Kubaski, vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RS), argumenta que a “cultura do coitadismo” não ajuda ninguém a melhorar a vida profissional:
– O ranço de reclamar faz parte da cultura latino-americana. Também temos dificuldade em pensar sobre nossas deficiências e como melhorar. A carreira não é responsabilidade do empregador, é da pessoa.
angela.ravazzolo@zerohora.com.br
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