Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
18 de janeiro de 2011 | N° 16584
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
E não sabia
Shakespeare falava de um verão eterno, que nunca acaba. Devia ser uma premonição deste janeiro tórrido que nos aprisiona.
A mais civilizada das estações é o outono, especialmente a partir de maio, quando chegam os primeiros frios. É a mesma que inspirou Verlaine a cantar os longos sons dos violões. É ainda aquela que convida ao primeiro abrigo, à primeira lã.
O inverno daqui, para tornar a Shakespeare, é o da nossa desesperança. Quando escreveu suas memórias, uma obra-prima do gênero, João Neves da Fontoura observou que o aquecimento é um conforto desconhecido em nossas casas, a começar pelas sedes das fazendas. É bem diverso de Montevidéu ou de Buenos Aires, onde a calefação é um complemento do modo de viver.
Já a mais destacada decantada das estações está imersa em poesia. Para Schiller, a primavera da vida floresce uma vez e nunca mais. Para Tennyson, na primavera a imaginação dos jovens se volta, ligeira, para pensamentos de amor.
E assim voltamos ao verão.
Algumas das melhores épocas de minha vida, eu as vivi entre dezembro e março. Primeiro era uma temporada em Cachoeira, com direito a piscina, a Réveillon, raparigas em flor com delicadas sandálias cai-cai, um mês na Chácara da Penha, lendo e relendo os romances de Machado e de Erico, tudo culminando com um mês em Capão da Canoa, com parada obrigatória na Sacc e no Meu Pontinho.
Foram épocas inesquecíveis, de amizades perenes e de paixões súbitas e inamovíveis. Um dia típico incluía banho de sol, banho de mar, para deixar no Atlântico a ressaca do baile ou da reunião dançante da véspera, tardes com jogos de cartas, namoros, jantares num daqueles pequenos restaurantes acolhedores e simples, que serviam as melhores iguarias da estação.
Um dia típico não deixava de incluir também a branda aragem do oceano e as meninas trajadas de short, ou o seu puro olhar respondendo ao teu olhar.
Parece que tem um poema de antigamente que reproduz tudo isso: eu era feliz e não sabia.
Uma Ótima terça-feira. Aproveite o dia
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário