Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
14 de janeiro de 2011 | N° 16580
MOISÉS MENDES
Ideias roubadas
Você aí, que não sai do facebook. Vá conferir a vida lá fora, vá ao cinema ver A Rede Social, a história do facebook. Conta a lenda da criação da rede a partir da suspeita de que o facebook foi uma ideia roubada. O filme aciona algumas perguntas. Quantas ideias você teve no ano passado?
Quantas foram parar nas mãos dos outros? Você confia mesmo que o cara sentado ao seu lado aí na firma não irá levar uma ideia sua adiante, se apropriar da criação e fazer media com o chefe?
Mark Zuckerberg, o guri inventor do facebook, poderia ter roubado as namoradas dos gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss no colégio. Roubou a melhor ideia dos Winklevoss. Mas será que o facebook de Mark é mesmo o projeto dos Winklevoss?
A bota é cópia de quem inventou o sapato? A salsicha é uma ideia roubada de quem criou a linguiça? Mark é o cara porque deu ao facebook tudo que a ideia dos gêmeos não tinha.
Algumas ideias são assim. Nascem para se transformar mais adiante em criações dos outros. O Chevette só passou a existir mesmo como ideia quando foi rebaixado. Há pessoas chevettes- rebaixados espalhadas pelo mundo. Aí na firma você conhece umas cem. Vieram ao mundo para rebaixar as ideias alheias. Estão à espreita de pensamentos nos corredores, nos banheiros. Apropriam-se, reciclam, dão cores.
Eu mesmo tenho umas 200 ideias originais que já não sei se são mesmo minhas. Algumas são melhores do que as do facebook. São tão revolucionárias, que me incomodam. Serão reveladas no momento certo, porque sinto que alguém ao meu lado pode se apropriar delas.
Mark gerou o facebook na hora e no lugar certo, em Harvard. Muitos geram ideias fora do lugar. Banana, um jogador de vôlei de Rosário, criou o saque jornada nas estrelas no Colégio Plácido de Castro uns 20 anos antes do Bernard. Mas foi em Rosário, não foi na Olimpíada.
Pé de Ouro, um guri do Alegrete, inventou o drible lambreta nos anos 70. Sapo, goleiro também do Alegrete, criou a defesa de mão trocada. Foi no Mangueirão da Rua das Tropas, na beira do Ibirapuitã, não foi no Maracanã. Seu Licúrcio, por acaso outro do Alegrete, inventou o palito feito a partir de um fósforo.
É bom ver na história do facebook que as grandes ideias prosperam se fluírem sem as barreiras de burocratas malcriados e sem as hierarquias subalternas centralizadoras das corporações. Mark só leva seu projeto adiante porque se afasta dos estorvos dos chevettes-rebaixados.
Ele é o dono do que tem na cabeça. As questões éticas levantadas pelo filme são as mesmas de sempre, de quase tudo que envolve dinheiro, poder, criação. A lição básica, se é que tudo precisa de lição, é esta: toda grande ideia só vai adiante com sacanagens.
Saia do facebook e vá ver o filme. Pense no seguinte: uma criação só vale mesmo se tiver autoria e, de preferência, se você for o autor. As chamadas ideias coletivas partem de ideias particulares, únicas, de alguém.
E lembre que há algum tempo andaram dizendo que o projeto de criação do mundo não foi de Deus. Era de outro que sentava ao seu lado. Mas quem sabe quem teria sido esse outro?
Moisés Mendes substitui David Coimbra, que está na cobertura Verão 2011
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