Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 15 de janeiro de 2011
15 de janeiro de 2011 | N° 16581
CLÁUDIA LAITANO
Conhecimento geral
Sumiram as enciclopédias, e com elas seus distintos vendedores – sujeitos capazes de convencer até quem nunca comprou outros livros na vida de que aquelas vistosas coleções, com capa dura e letras douradas, valiam o investimento. Não eram baratas as enciclopédias, e os sonhos e obrigações da classe média (hoje como sempre) tendem ao infinito – carro novo, sofá, dentista, férias na praia...
Mas não era apenas a possibilidade de dar a volta ao mundo em 23 letras e “fantásticas ilustrações” que aqueles vendedores ofereciam de porta em porta. Ter uma enciclopédia em casa era um sinal de distinção social, daqueles a que se pode ter acesso pelo crediário. Era pouco mais de um metro de livros solenes na estante, entre a TV e o vaso mais bonito da casa talvez – mas como caíam bem.
A palavra “enciclopédia” vem do grego, “enkyklios paideia”, algo como “educação (paideia) circular (enkyklios)” ou “conhecimento geral”. A enciclopédia moderna, organizada como um dicionário com palavras e definições, surge com os iluministas, no século 18.
Já a possibilidade de construir um repositário de conhecimento universalmente acessível, inimaginável para os iluministas tanto quanto para os vendedores de enciclopédia da minha infância, não poderia existir sem a revolução tecnológica que guilhotinou limites de tempo, espaço e recursos.
A Wikipédia, que completa 10 anos hoje, levou a ideia do compartilhamento do conhecimento a sua expressão mais radical. “Wiki” quer dizer “veloz” no idioma havaiano.
A “enciclopédia veloz” não é apenas fácil e rápida de consultar, mas inquieta na atualização e insaciável no apetite por novos verbetes, escritos e corrigidos coletivamente. Sem intermediários e outros recursos necessários além de uma boa conexão à internet – para azar irremediável de vendedores (e editores) de enciclopédias.
A Wikipédia tornou-se tão satanicamente popular em tão pouco tempo, que muita gente ficou desconfiada. A principal crítica sempre foi a de que ela não seria totalmente “confiável”. É possível, mas se isso ensinar os jovens leitores a desconfiarem de tudo o que leem, será um efeito colateral bem-vindo, me parece.
Outros dizem que a Wikipédia “perverte” os estudantes. Será? Quem cresceu copiando trechos de enciclopédias sabe que o Ctrl C/Ctrl V foi inventado muito antes do teclado. Alunos que têm a sorte de estudar em boas escolas aprendem de muitas outras formas além dos trabalhos que podem ser copiados, e os que estudam em escolas fracas têm outros problemas para se preocupar.
Muito além de poupar a classe média do investimento em livros que ficavam defasados antes mesmo do fim do crediário, a grande revolução da Wikipédia foi a de colocar em prática a revolucionária ideia da “cultura colaborativa”. E de forma tão elegante e bem-sucedida que todos os dias inventam-se novos projetos construídos global e coletivamente – sinfonias, livros, compras, ações de solidariedade...
Grupos de pessoas protegidas pelo anonimato, a gente sabe, podem fazer coisas muito ruins. Não é uma grande conquista, comparável às viagens espaciais ou à cura de uma doença, descobrir que elas podem se unir para construir juntas a melhor definição para uma palavra, uma invenção, um sentimento? Wikipédia, eu acredito.
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