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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
17 de janeiro de 2011 | N° 16583
PAULO SANT’ANA
De joelhos
Há homens que se apaixonam pelos extremos. Como, por exemplo, os que fumam cinco maços de cigarro por dia e não põem sequer uma gota de álcool na boca.
Esse tipo que citei acima venera o tabagismo e odeia o alcoolismo.
O mundo dos extremos. Conheci um artista que detestava os pobres e falava mal deles no exercício de sua profissão.
Mas o detalhe importante é que ele também odiava os ricos.
Esse tipo de pessoa abomina os extremos.
Ele se extasia com sua vida só quando ela percorre o mundo das medianias.
Eu desconfio que sou um tipo que adora os extremos. Comecei a suspeitar disso no dia em que amei tanto, que me ajoelhei aos pés da pessoa que amava.
Eu sou assim, nunca amei pouco. Sempre que amei, fi-lo de forma extremada, teatral, emocionada.
Tanto que as minhas despedidas foram sempre marcadas por lenços brancos e lágrimas em potes.
Falar em amar de joelhos, há uma canção antiga, de Vicente Celestino, que retrata uma cena espetacular. O homem está declarando sua traição à mulher amada e diz o seguinte verso a ela: “Eu ontem rasguei teu retrato, ajoelhado aos pés de outra mulher”.
É necessário possuir uma intensa vocação dramática para rasgar o retrato de uma mulher, ajoelhado aos pés da rival dela.
Eu imagino a cena: a mulher que vê seu amado rasgar o retrato da outra mulher, que julgara ser o verdadeiro amor do homem, chega às raias da realização.
O ato violentamente iconoclasta de um homem renunciando ao amor de uma mulher para atirar-se ao amor de outra mulher, com a fotografia da primeira rasgada diante da outra, é o pináculo da teatralidade, adornado pela genuflexão do homem diante da segunda mulher.
Eu não sou só favorável aos extremos, como cultivo historicamente a mania de ser dramaticamente extremado quando amo. Por exemplo, às poucas mulheres que amei, nunca disse: “Eu gosto de ti” .
Porque “gostar” é muito pouco para se dizer a uma amada, eu sempre preferi: “Eu te amo”. E quando amava muito, mas muito mesmo, a ponto de não dormir à noite quando estava afastado do meu amor, no dia seguinte telefonava a ela: “Eu te adoro”.
Amar é mais do que gostar. Mas amar é menos do que adorar.
Mais do que adorar só mesmo quando se pronuncia à amada a seguinte expressão: “Sou teu escravo. Faze de mim o que quiseres”.
E se disser isso de joelhos, então é a glória.
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