sábado, 15 de janeiro de 2011



15 de janeiro de 2011 | N° 16581
NILSON SOUZA


O nome dos anjos

Anas e Marias resistem bravamente.

Saiu o ranking dos nomes mais registrados no país em 2010, resultante de cerca de 43 mil registros de nascimentos levantados pelo site BabyCenter Brasil. Gabriel liderou entre os meninos. Júlia foi a campeã entre as meninas.

Mas o que mais me chamou a atenção foi a colocação de nomes que historicamente são reconhecidos como os mais populares da humanidade: Ana e Maria, as mulheres da família sagrada dos relatos bíblicos.

Entre os cem nomes femininos preferidos por mães e pais, Maria aparece na 51ª posição e Ana ocupa a 79ª colocação. Num primeiro olhar, parecem estar despencando na preferência dos casais.

Mas observo em seguida que ambas estariam bem melhor cotadas se os pesquisadores não tivessem considerado em separado os nomes compostos. Maria Eduarda é a quarta colocada, Maria Clara é a 16ª, Maria Luiza é a 20ª, Maria Fernanda ocupa a 43ª posição, Maria Júlia a 55ª, Maria Vitória a 65ª, Maria Laura a 93ª e Maria Cecília fecha a lista na 97ª posição. As Anas também se multiplicam com dois nomes: Ana Clara em 14º, Ana Luiza é a 22ª, Ana Júlia a 25ª, Ana Beatriz a 27ª, Ana Carolina a 46ª e Ana Laura a 57ª.

Na soma, creio que ainda ganham longe de nomes menos convencionais que ocupam as posições de vanguarda na preferência dos brasileiros, como Sophia (2ª), Isabella (3ª) e Giovanna (5ª).

De acordo com especialistas, a religião dos pais continua sendo um fator predominante na escolha dos nomes dos bebês. Evangélicos recorrem a personagens do Antigo Testamento, enquanto católicos e espíritas preferem nomes de anjos e santos.

De cada quatro crianças brasileiras, uma ganha nome inspirado na crença religiosa da família. Política, novelas, Copa do Mundo, celebridades e até mesmo personagens de crimes famosos tiveram influência no registro dos bebês de 2010.

As Marinas subiram várias posições por conta da candidata verde às eleições presidenciais. E o fracasso da Seleção de Dunga marcou para sempre dois pobres anjinhos, batizados por seus pais com o nome do holandês Sneijder, carrasco do futebol brasileiro na África do Sul.

O mais animador do listão é que entre os cem nomes mais cotados de cada sexo não aparece nenhuma daqueles invenções que conjugam o começo do nome de um dos cônjuges com o final do outro – e que invariavelmente resultam em constrangimento para as pobres crianças.

Prefiro a singeleza das Anas e Marias, fáceis de pronunciar, significativas e lindas.

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