Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
12 de janeiro de 2011 | N° 16578
JOSÉ PEDRO GOULART
Qual o seu preço?
Todo mundo tem um preço. O meu, aliás, é bem barato, algo num raio de um metro e meio em torno do umbigo de alguém como a Scarlett Johansson, por exemplo, me compra com facilidade. Isso não quer dizer que eu não tenha princípios, tenho. Mas esses custam mais caro.
A moeda de cada um varia. E digo mais, o sentido da vida está em descobrir a sua: prestígio, poder, glória – não há doação, mas troca, escambo. Vale para caridade, para arte, para política. De alguma forma há lucro. Vendemo-nos o tempo todo.
Quem diz que não se vende por nada não ama ninguém. Que pai ou mãe deixariam de entregar qualquer coisa, até mesmo a honra, para salvar a vida de um filho? A moeda que nos compra pode ser trágica, pode ser oportunista; mas, atenção crianças, pode ser nobre. Eis o meu ponto, dependendo das circunstâncias qualquer um vende a alma, o corpo e até negocia a morte (se houver a garantia de 72 virgens esperando do lado de lá, por exemplo).
Mas sim, acredito que se possa levar uma vida menos ordinária escolhendo bem o balcão, e principalmente o diabo e a moeda que nos compra.
Quando o lucro é “só” dinheiro, bem, aí o assunto é outro. O dinheiro em si maquia o resultado, ou melhor, só vê o resultado – um passo para a mesquinhez. Um sujeito muito velho, sovina e endinheirado continua acumulando riqueza somente pelo prazer de ficar empilhando números. (Talvez se pudesse trocaria tudo o que tem por uma outra moeda, como uma nova juventude. Mas o pior é que não pode.)
Foi por isso que acreditei que Ronaldinho iria jogar no Grêmio. Os dirigentes reabriram as portas do Olímpico mesmo sabendo que o jogador deu uma banana para o clube há dez anos. Foram tentados, cobiçaram uma oportunidade. Numa situação normal o time não teria condições financeiras para trazer um Ronaldinho, mesmo com a carreira do sujeito minguando.
Mas o Grêmio achava que só ele tinha a moeda que iria comprar o jogador. Qual moeda? “O perdão”. Era isso que Ronaldinho e sua turma ansiariam. De posse dessa moeda raríssima, o craque poderia comprar o esquecimento, refazer a memória vil que deixou para trás, ter passe livre na sua cidade natal. Grande acordo.
Mas os dirigentes estavam enganados, como se enganaram todos os torcedores que se associaram no perdão para o jogador. Ronaldinho não estava atrás de reconciliações. A moeda que o Grêmio queria era uma só: reconhecimento; talvez algum amor. Mas a moeda do Ronaldinho continua a mesma, a que sempre foi desde sempre.
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