segunda-feira, 10 de janeiro de 2011


TARA SIEGEL BERNARD - DO "NEW YORK TIMES"

Orçamentos e dietas fracassam pelas mesmas razões

Enfatizar restrições em vez de diversão atrapalha; "motivação positiva" ajuda a economizar, diz especialista

O que você faria se sua carteira se tornasse mais difícil de abrir quando seus gastos estivessem se aproximando dos limites de seu orçamento, ou o excedessem? Pensaria duas vezes sobre aquilo em que ele está sendo gasto?

Um projetista de produtos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts que criou um protótipo para uma carteira como essa parece pensar que sim, e talvez tenha razão.

Parte do motivo para que tanta gente gaste demais é que despender dinheiro se tornou abstração em uma sociedade na qual é cada vez menos usado em espécie.

Os cartões de crédito propiciam gratificação imediata sem consequências imediatas. Usar cédulas reais de sua reserva de dinheiro, sugerem pesquisas, é mais doloroso, o que leva a gastar menos.

Existe outro fator. Como espécie, humanos são notórios pela dificuldade em cumprir planos que traçam. Aderir a um orçamento é bem parecido com uma dieta.

E frequentemente as duas coisas fracassam pelos mesmos motivos: as duas enfatizam demais as restrições e não enfatizam a diversão.

OBJETIVOS

No site mint.com, que oferece ferramentas para controle das finanças, os principais objetivos dos 500 mil usuários incluem liquidar dívidas, criar um fundo para emergências e poupar para a aposentadoria. Todos são objetivos virtuosos, é certo.

A batalha é reduzir a disparidade entre as boas intenções e a natureza humana. Existem estratégias para isso. De fato, a melhor é a de não pensar em termos de orçamento. Estabeleça metas e automatize a poupança e as prioridades que puder.

Comece se conscientizando dos gastos, anotando-os em um bloco, uma planilha ou em sites como o mint.com. Depois, confira um senso de propósito a eles; orçamentos que envolvem um plano, como a compra de uma casa, tendem a encontrar mais sucesso.

"Para que exista mudança é preciso existir alguma forma de motivação positiva", disse Amanda Clayman, terapeuta financeira nos EUA.

Uma estratégia é a "contabilidade mental" -dividir o dinheiro em contas que você trata diferentemente.

"Do ponto de vista psicológico, há mérito em ter conta separada para gastos complemente arbitrários", diz Steve Levinson, psicólogo.

E pense na possibilidade de trabalhar de trás para frente: em lugar de estabelecer um orçamento excessivamente detalhado, primeiro decida quanto você deseja poupar, e depois trabalhe com o restante.

Mas a vida costuma atrapalhar mesmo planos cuidadosos, e por isso os especialistas recomendam estabelecer uma reserva.

Mas não confie em você mesmo para isso. Disponha as coisas de forma a que o dinheiro reservado para essas finalidades seja debitado diretamente na sua conta.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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