Por que o Walmart precisa mais que descontos para crescer
Sucesso da política de preços baixos lançada no Brasil não depende apenas de saber negociar com fornecedores
Beatriz Olivon, de EXAME.com
Walmart convence fornecedores a repensar processos
Walmart: mais do que vender produtos baratos, a rede vai precisar vender a ideia de que o consumidor encontrará preços baixos sempre
São Paulo – O Walmart apresentou aos brasileiros, nesta semana, seu conceito “every day low price” (preço baixo todo dia). A estratégia foi fundamental para que o Walmart se tornasse a maior rede de varejo do mundo, mas chegou ao Brasil com anos de atraso em relação a outros países.
No México, por exemplo, ela é adotada desde 1999. Por isso, os especialistas afirmam que, aqui, o seu sucesso não dependerá apenas de descontos generosos aos clientes.
A meta do Walmart é trocar os descontos diários pela oferta de produtos mais baratos pelo máximo de tempo possível – de semanas a meses. Por isso, por trás das gôndolas, a rede vai investir na renegociação de contratos com fornecedores.
O foco é diminuir a “verba promocional” que, no Brasil, é o termo usado para os descontos dados pelos fornecedores aos varejistas, quando compram grandes lotes de produtos. Essa mudança pode sustentar preços mais baixos para o consumidor – e é isso que o Walmart pretende.
Mas, para os especialistas, sustentar preços baixos apenas aumentando a pressão sobre os fornecedores para comprar mais barato é uma estratégia limitada. O argumento básico é bem simples: seus maiores concorrentes, Pão de Açúcar e Carrefour, têm tanto peso quando o Walmart para negociar grandes descontos com os fornecedores.
“As três redes têm o mesmo poder de barganha”, afirma Ulysses Reis, coordenador do MBA em Supermercados da Fundação Getúlio Vargas (FGV). E o motivo é óbvio: o mercado varejista está cada vez mais concentrado.
O que mais?
O varejo é, tradicionalmente, um setor de pequenas margens quando comparado com outros. Por isso, para lucrar vendendo barato, a companhia precisa melhorar ao máximo a gestão de custos e recursos. “Mundialmente, o Walmart tem esse foco de redução de custo e busca de máxima eficiência, mas isso tem que ser aliado a grandes volumes de compra, agilidade, excelência na logística e sistemas”, diz o diretor geral da Gouvêa de Souza, Marcos Gouvêa.
O Walmart chegou ao Brasil em 1995. Para acelerar seu crescimento, investiu em aquisições, como a da Rede Bompreço, em 2004, e a da Sonae, em 2005. Parte dos especialistas afirma que essa estratégia de aquisições é o principal desafio para afinar a eficiência operacional do grupo no Brasil.
Redes distintas, com culturas, méritos e ineficiências variados, levam tempo para entrar no mesmo passo, corroendo lucros enquanto isso.
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