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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
27 de janeiro de 2011 | N° 16593
ARTIGOS
Memória, por Jarbas Milititsky*
Por que a comunidade judaica faz questão de registrar de forma permanente e continuada as datas e a memória do Holocausto?
Poderia parecer que estamos advogando em causa própria, tentando sensibilizar o mundo a ter uma maior simpatia por um povo que sofreu perseguições durante mais de 2 mil anos. A resposta é bem mais abrangente.
São inegáveis as marcas indeléveis que este terrível episódio deixou na história moderna. É difícil compreender como, em pleno século 20, no continente considerado como o centro da civilização ocidental moderna, foram perpetrados tais crimes como política de Estado. Um terço da população judaica mundial foi exterminado num período de cinco anos.
Outra parte desta fração sobreviveu, mas assistiu ao massacre, foi desumanizada, exposta à tortura física e psicológica. O resto do mundo calou. Não somente judeus foram objeto da política de extermínio: portadores de deficiências, ciganos, homossexuais e outras minorias também foram incluídos como objeto da “solução final”.
Numa população atual de 13 milhões de almas, praticamente todo judeu que vive hoje tem em sua genealogia alguém atingido pela fúria nazista.
O que fazemos questão de salientar é a necessidade de reflexão de como é possível que numa sociedade moderna, liberal e dita civilizada, haja espaço para ideologias que se constituem em política de Estado que promovam a ideia de condenar à morte seres humanos, simplesmente pelo fato de eles pertencerem a uma minoria com traços culturais ou étnicos diferenciados.
Como o mundo permaneceu calado frente à perseguição e ao genocídio de judeus, negros, ciganos, homossexuais entre outros grupos da sociedade?
Temos o dever de não nos calar novamente. Quando tratamos do Holocausto queremos lembrar a todas as pessoas que somos responsáveis uns pelos outros, independentemente de cor, opção religiosa ou sexual e status social. Relembrar as vítimas dessa tragédia é negar veementemente a xenofobia e a intolerância, onde quer que ela se encontre, e contra qualquer grupo de seres humanos, para que este tipo de tragédia nunca mais volte a acontecer.
*Presidente da Federação Israelita-RS
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