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terça-feira, 25 de janeiro de 2011
25 de janeiro de 2011 | N° 16591
J. A. PINHEIRO MACHADO (Interino)
O iPad na banheira
Nos anos 1970, os ratos de biblioteca ficaram em pânico com a grande repercussão das profecias de Marshall McLuhan, então autor da moda, que anunciava a morte do livro diante das novas tecnologias eletrônicas.
Esse debate perdura até hoje.
Mas a primeira constatação é de que o “objeto livro” sobreviveu ao próprio McLuhan (falecido em 1980) e, no século 21, o livro na sua forma tradicional revela uma saúde inesperada.
Na virada do século, levantamento da Folha de S. Paulo indicava que, desde a invenção da TV, por exemplo, enquanto a população mundial aumentava 1,8% ao ano, a produção livresca avançava na velocidade de 2,8%.
No período quatrocentista de Gutenberg, lançavam-se cem obras por ano. Em 1952, já com o advento da TV, a soma girava em torno de 250 mil lançamentos. Em 2000, o total foi de l milhão de títulos: a média impressionante de um livro publicado a cada 30 segundos.
Por causa desses fatos, Umberto Eco, escritor que vendeu milhões de exemplares do seu super-best-seller O Nome da Rosa, demonstra estranhamento e desconforto com o debate: “A opinião pública (ou pelo menos os jornalistas) tem sempre essa ideia fixa de que o livro vai desaparecer (ou então são esses jornalistas que acham que seus leitores têm essa ideia fixa) e cada um formula incansavelmente a mesma indagação”.
A propósito, junto com o cineasta Jean-Claude Carrière, Eco é autor de um sucesso editorial recente, de título desafiador: Não Contem com o Fim do Livro”, texto de um diálogo que atravessa 5 mil anos de história do livro, do papiro ao arquivo eletrônico.
Nesse livro, Eco chega ao extremo de garantir que, ao contrário de tudo que se diz há décadas, os meios eletrônicos nunca ameaçaram, mas, isto sim, salvaram o livro: “Com a internet, voltamos à era alfabética. Se um dia acreditamos ter entrado na civilização das imagens, eis que o computador nos reintroduz na galáxia de Gutenberg, e doravante todo mundo vê-se obrigado a ler.
Para ler, é preciso um suporte. Esse suporte não pode ser apenas o computador. Passe duas horas lendo um romance em seu computador, e seus olhos viram bolas de tênis”.
Eco entusiasma-se, dizendo que as variações não alteraram o “objeto livro” em mais de 500 anos: “O livro venceu seus desafios e não vemos como, para o mesmo uso, poderíamos fazer algo melhor que o próprio livro. O livro é como a colher, o martelo, a roda ou a tesoura. Uma vez inventados, não podem ser aprimorados. Você não pode fazer uma colher melhor do que uma colher”.
E, se alguém sugere que o iPad tem toda a praticidade de um livro – a começar pela forma semelhante, podendo ser utilizado comodamente para leitura numa poltrona, ou deitado na cama –, Eco permanecerá irredutível: por certo vai considerar um pouco arriscado ler um iPad na banheira.
Moacyr Scliar, dono deste espaço nas terças-feiras, encontra-se hospitalizado
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