sexta-feira, 28 de janeiro de 2011


Jaime Cimenti

Astrologia, astronomia, ora direis, estrelas, utopias e outros astrais

A Veja desta semana traz, como tema de capa, uma longa matéria-reportagem sobre astrologia e astronomia, demonstrando, entre outras coisas, que no horóscopo versão 2011 seu signo e você podem ter mudado.

Uma vez, lá pelos anos 1980, fui no Planetário da Ufrgs e, numa apresentação, restava demonstrado, por evidências científicas, que mais ou menos a cada 50 anos Terra, sol e lua mudam de posição e aí mudavam os signos. A astronomia questionava e derrubava a astrologia.

A matéria da Veja sobre o tema milenar já estava lá, trinta anos atrás. Sou aquariano, ao menos até dezembro de 2010, quando, pela matéria da Veja, me tornei capricorniano, com novas e boas características, espero. Certa vez li um livro inteiro sobre Aquário.

Algumas coisas acho que combinavam comigo e com os outros milhões de aquarianos, que devem ser bem diferentes de mim. Outras, nem tanto. Gostei das qualidades, desgostei dos defeitos do signo.

Procurei não me sugestionar demais e vi que o assunto era legal para tentar conquistar mulheres. Até certo tempo lia o horóscopo em jornais, livros e revistas, feito metade da população ansiosa pelo que vai acontecer nas próximas vinte e quatro horas.

Coluna social e horóscopo existem em quase tudo quanto é canto do mundo. Coluna social todo mundo lê. Horóscopo só metade. Publicidade garantida. Depois parei e me quedei a viver com a mágica, a fantasia, o divino, o diabólico, o compreensível e o incompreensível do cotidiano.

Evidente que ainda acredito em astros, fadas, duendes, destino, acaso, astrologia, astronomia, ciência, fé e em coisas e objetos que nem sei bem o que são. Claro que boto fé na dúvida e até duvido da fé de vez em quando. Quando eu não acreditar em mais nada, me internem ou me enterrem. Menos. Ao fim e ao cabo, no fim deve dar tudo certo.

Se não deu é porque não chegou no fim. De mais a mais, sabem mais os poetas, como o Mario Quintana que, ao falar em Utopias, decretou poeticamente: Se as coisas são inatingíveis - ora! / não é motivo para que deixar de querê-las / Que tristes os caminhos, se não fosse / a mágica presença das estrelas. Ou, Olavo Bilac, que não perdeu o senso e para quem só quem ama pode ter ouvido e entendido as estrelas.

É isso, acreditem, desacreditem, acreditem, duvidem e tenham fé. Leiam as estrelas. Sigam vivendo e perguntando. Saber exatamente a pergunta e a resposta final seria muito chato, muito finito, muito pouquinho para esta vida.

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