05
de maio de 2013 | N° 17423
LEITURA
Feito é melhor que
perfeito
Este
é o lema de Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook. No livro “Faça
Acontecer”, ela incentiva as mulheres a agir como homens no mercado de trabalho
e a encontrar um marido que as apoie
Sheryl
Sandberg é um sucesso na vida pessoal e profissional e a prova contemporânea de
que ambas as conquistas não são excludentes.
Na
indústria da tecnologia, pouco receptiva a mulheres em cargo de liderança, a
economista Sheryl é a COO (chief operations officer) do Facebook – a pessoa
número 2 na hierarquia da maior companhia de mídia social do mundo, avaliada em
US$ 66 bilhões, e o braço direito de Mark Zuckerberg.
Desde
sua chegada, há cinco anos, o Facebook desenvolveu um sistema de anúncios que
tornou a empresa rentável e garantiu seu sucesso quando lançou ações na Bolsa
de Valores. Estima-se que Sheryl já tenha ganhado US$ 30 milhões em bônus
anuais, além de US$ 2 bilhões em ações da empresa. Não são apenas seus feitos
profissionais e sua fortuna que a transformaram em uma das 10 mulheres mais
influentes do mundo.
Quarenta
e três anos, casada e mãe de dois filhos (uma menina, de quatro anos, e um
menino, de sete), ela possui autonomia suficiente para se lançar agora como
escritora disposta a auxiliar as mulheres a encontrar um maior equilíbrio
frente aos homens em cargos de liderança, seja em empresas públicas ou
privadas. E também a ser feliz dentro de casa.
Em
Faça Acontecer – Mulheres, Trabalho e a Vontade de Liderar, lançado no Brasil
pela Companhia das Letras, a autora investiga as razões de o crescimento das
mulheres na carreira estar há tantos anos estagnado. Dos 195 países
independentes no mundo, apenas 17 são governados por mulheres – e a porcentagem
feminina em papéis de liderança é ainda menor no mundo empresarial. Sheryl
identifica a origem do problema e oferece soluções práticas e sensatas para que
elas atinjam todo o seu potencial.
Faça
Acontecer, segundo definição da própria autora, é um convite a uma revolução
interior. Ela não deixa de reconhecer as “barreiras externas” (preconceito,
discriminação, assédio sexual) que travam o avanço das mulheres. Mas defende
que a maior polêmica reside no que considera ‘’barreiras internas’’: uma
suposta internalização das mensagens negativas recebidas de um mundo machista e
uma redução das expectativas de carreira em prol da dos maridos.
–
Meu argumento é que livrar-se dessas barreiras internas é crucial para ganhar
poder. Há quem argumente que as mulheres só conseguem chegar ao topo quando as
barreiras institucionais são removidas. É a situação típica do ovo e da galinha
– analisa.
Sheryl
diz que medo e insegurança são fatores que muitas vezes impedem o crescimento
na carreira. Se um homem é bem-visto por ser ambicioso, para as mulheres essa
característica pode ser encarada como negativa. Portanto, na hora de se
posicionar, negociar salário, assumir postos de maior responsabilidade ou lutar
por horários mais flexíveis, elas ficam temerosas e acuadas. A questão
biológica e feminina também é crucial. – Desde cedo, as meninas ouvem que terão
de escolher entre ser boa profissional ou boa mãe – observa.
Desta
forma, muito antes de terem filhos, as profissionais já tomam uma série de
decisões que tendem a refrear sua carreira.
–
Sabemos o quanto é difícil conciliar maternidade e carreira, mas não sinto
culpa por sempre ter me dedicado tanto ao trabalho – afirma ela, que, antes de
assumir o cargo no Facebook, trabalhou como vice-presidente de vendas e
operações do Google, atuou como executiva da consultoria da área econômica
McKinsey e foi chefe de gabinete do Departamento do Tesouro durante o governo
Clinton. – Acredito que as mulheres devam ter liberdade de escolher e isso não
significa que elas serão melhores ou piores mães. Hoje, falamos abertamente com
nossas funcionárias sobre seus planos de maternidade.
Quando
estou recrutando mulheres, sempre digo: “Caso você pense em não aceitar o
emprego porque está querendo ter filhos, vamos falar sobre isso”.
MARIANA
KALIL
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