05
de novembro de 2012 | N° 17244
PAULO
SANT’ANA
Cláudio Brito ficou
rouco
Oque
se esperava há muitos e muitos anos aconteceu no outro domingo: o Brito ficou
rouco.
Não
há cordas vocais que suportem durante tantos anos falar, falar, falar...
Ele
fala na Rádio Gaúcha, fala na TVCOM, agora também está falando na Gaúcha Serra,
emissora da RBS que transmite para os municípios serranos.
Em
breve, serão inauguradas várias outras emissoras: Brito Litoral, Brito Planalto
Central, Brito Fronteira e por aí vai.
Cogita-se
de uma outra emissora: Brito FM.
É
impressionante a obsessão de Cláudio Brito por microfone. Se não existisse esse
objeto chamado microfone, a vida perderia a razão de ser para o Brito.
Ele
é mais apegado ao microfone do que eram o querido Ranzolin e o saudoso Cândido
Norberto.
Esses
dias, o Brito começou assim um dos seus numerosos programas: “Senhores
ouvintes, hoje, excepcionalmente, por motivos especificamente ligados à
dinâmica deste programa, que dura 90 minutos, eu não trarei convidados”.
Programa
de entrevistas com o Brito é um Éden se não houver convidados.
O
Brito está sempre maquiado, maquia-se de madrugada e viaja de São Leopoldo para
os prédios da RBS em Porto Alegre.
Ele
se maquia para qualquer emergência. Sempre é requisitado para a televisão e
para o rádio.
É
célebre a passagem, num desfile de Carnaval, em que se apresentavam diante da
cabina da TVCOM a porta-bandeira, a comissão de frente e o mestre-sala, e o
Brito lascou assim no microfone, naquele instante solene para o Carnaval:
“Atenção, câmeras, fechem em mim que eu vou chorar!”.
Tudo
indicava que o Brito iria chorar. E as câmeras não podiam perder aquele momento
histórico.
Ora,
o Brito chorando no Carnaval, e as câmeras não registrando isso, seria um
glorioso desperdício.
Para
o Brito, todo microfone aberto corresponde a um som que tem de ser emitido por
ele.
O
Brito se interessa por todos os assuntos. Se eu fosse dono de emissora de rádio
ou televisão, o primeiro funcionário que contrataria seria o Brito.
Mas
dois assuntos especialmente atraem o Brito, por gosto e vocação: Carnaval e o
terreno jurídico.
Tanto
no Carnaval quanto no julgamento do mensalão, o Brito tem orgasmos
músico-intelectuais.
O
Neguinho da Beija-Flor e o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo, são apenas
dois dos milhares de ícones que o Brito escolheu nessa sua caminhada de muitos
anos pelas comunicações.
Nunca
vi uma pessoa tão ligada ao microfone como o Brito.
Ele
merecia uma grande homenagem por esse seu devotamento jornalístico.
É
inacreditável, mas, enfim, no domingo retrasado, o Brito ficou rouco.
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