segunda-feira, 5 de novembro de 2012



05 de novembro de 2012 | N° 17244
PAULO SANT’ANA

Cláudio Brito ficou rouco

Oque se esperava há muitos e muitos anos aconteceu no outro domingo: o Brito ficou rouco.

Não há cordas vocais que suportem durante tantos anos falar, falar, falar...

Ele fala na Rádio Gaúcha, fala na TVCOM, agora também está falando na Gaúcha Serra, emissora da RBS que transmite para os municípios serranos.

Em breve, serão inauguradas várias outras emissoras: Brito Litoral, Brito Planalto Central, Brito Fronteira e por aí vai.

Cogita-se de uma outra emissora: Brito FM.

É impressionante a obsessão de Cláudio Brito por microfone. Se não existisse esse objeto chamado microfone, a vida perderia a razão de ser para o Brito.

Ele é mais apegado ao microfone do que eram o querido Ranzolin e o saudoso Cândido Norberto.

Esses dias, o Brito começou assim um dos seus numerosos programas: “Senhores ouvintes, hoje, excepcionalmente, por motivos especificamente ligados à dinâmica deste programa, que dura 90 minutos, eu não trarei convidados”.

Programa de entrevistas com o Brito é um Éden se não houver convidados.

O Brito está sempre maquiado, maquia-se de madrugada e viaja de São Leopoldo para os prédios da RBS em Porto Alegre.

Ele se maquia para qualquer emergência. Sempre é requisitado para a televisão e para o rádio.

É célebre a passagem, num desfile de Carnaval, em que se apresentavam diante da cabina da TVCOM a porta-bandeira, a comissão de frente e o mestre-sala, e o Brito lascou assim no microfone, naquele instante solene para o Carnaval: “Atenção, câmeras, fechem em mim que eu vou chorar!”.

Tudo indicava que o Brito iria chorar. E as câmeras não podiam perder aquele momento histórico.

Ora, o Brito chorando no Carnaval, e as câmeras não registrando isso, seria um glorioso desperdício.

Para o Brito, todo microfone aberto corresponde a um som que tem de ser emitido por ele.

O Brito se interessa por todos os assuntos. Se eu fosse dono de emissora de rádio ou televisão, o primeiro funcionário que contrataria seria o Brito.

Mas dois assuntos especialmente atraem o Brito, por gosto e vocação: Carnaval e o terreno jurídico.

Tanto no Carnaval quanto no julgamento do mensalão, o Brito tem orgasmos músico-intelectuais.

O Neguinho da Beija-Flor e o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo, são apenas dois dos milhares de ícones que o Brito escolheu nessa sua caminhada de muitos anos pelas comunicações.

Nunca vi uma pessoa tão ligada ao microfone como o Brito.

Ele merecia uma grande homenagem por esse seu devotamento jornalístico.

É inacreditável, mas, enfim, no domingo retrasado, o Brito ficou rouco.

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