Dilma toca o samba da diplomacia
doida
Em
Bruxelas, a presidente demonstra o que os europeus podem esperar do Brasil em
relação a um acordo comercial: frases sem nexo e um mundo fantasioso
Cinco
frases sem sentido do discurso de Dilma
"A
Zona Franca de Manaus, ela está numa região. Ela é o centro dela porque ela é a
capital da Amazônia."
"Ela
(Zona Franca) evita o desmatamento, que é altamente lucrativo — derrubar árvores
plantadas pela natureza é altamente lucrativo."
"Os
homens não são virtuosos, ou seja, nós não podemos exigir da humanidade a
virtude, porque ela não é virtuosa, mas alguns homens e mulheres são, e por
isso é que as instituições têm que ser virtuosas."
"Queria
destacar a importância da ligação entre o Brasil e a Europa por cabos de fibra
óptica submarinos. A ligação com a Europa significa uma diversificação das
conexões que o Brasil tem com o resto do mundo."
"Nós
consideramos como estratégica essa relação, até por isso fizemos essa parceria
estratégica."
"Este
é o samba do crioulo doido." Assim começa a música de Sérgio Porto, o
Stanislaw Ponte Preta (1923-1968), sobre um certo compositor que obedecia ao
regulamento e só fazia canções sobre a história do Brasil. Quando escolheram um
tema complicado, a “atual conjuntura”, o compositor endoidou. Tiradentes falou
com Anchieta, aliou-se a dom Pedro e da união deles foi proclamada a
escravidão. Na diversão do Carnaval, a ausência da lógica garante a alegria dos
foliões que querem distância de qualquer assunto chato. Em reuniões
diplomáticas internacionais, porém, é um desastre quando um governante toma
esse tipo de liberdade com o idioma, com a história, a geografia e a lógica.
Em
seu discurso na segunda-feira 24, na VII Cúpula Brasil-Europa, em Bruxelas, a
presidente Dilma Rousseff protagonizou um desses momentos constrangedores para
ela e, como representante do Brasil, para todos os brasileiros. Dilma se disse
satisfeita por estar presente na VI Cúpula. O fato de a presidente errar a
edição do evento do qual estava participando foi o menor dos deslizes do dia.
Depois disso, nossa chefe de Estado deu muito trabalho ao tradutor simultâneo e
ao responsável pelas transcrições dos discursos da presidente no blog do
Planalto.
A
viagem a Bruxelas tinha o objetivo de fazer avançar as negociações para a
assinatura de um acordo de livre-comércio. Para o Brasil, o assunto é do
máximo interesse. As exportações brasileiras para o bloco poderiam aumentar em
12% com o tratado. Preso às amarras ideológicas do Mercosul bolivariano,
contudo, o Brasil não conseguiu costurar até agora um único acordo comercial
com um parceiro de peso. Quem manda no Mercosul são Venezuela e Argentina.
Afogados nos próprios e monumentais erros de gestão ruinosa, esses dois países
tragam os demais para seu buraco negro isolacionista e xenófobo. O Brasil não
tem força para se impor e vai a reboque.
Enquanto
isso, as nações viáveis da região se uniram em torno da Aliança do Pacífico, a
área de livre-comércio formada por Chile, Colômbia, México e Peru. São eles os
novos tigres da economia sul-americana. O Brasil, mais uma vez, perdeu a
chance de liderar a região no rumo certo. “Isso põe em risco o futuro das
exportações da indústria brasileira, que também enfrenta dificuldades
tributárias, cambiais e logísticas”, diz o economista Roberto Giannetti da
Fonseca, da Kaduna Consult.
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