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quinta-feira, 10 de abril de 2008
10 de abril de 2008
N° 15567 - Paulo Sant'ana
Aulas de francês
A melhor e mais curiosa notícia do mês estava ontem na crônica policial de Zero Hora.
Dois grupos rivais em desavença estabeleceram um tiroteio num salão de baile, em Caxias.
O resultado foram dois mortos de uma facção e um morto de outra.
Imbecilmente, tanto o enterro dos dois mortos da facção 1 quanto o enterro do morto da facção 2 foram marcados para o mesmo cemitério, no mesmo horário.
Era natural que haveria confronto entre os remanescentes e familiares dos dois bandos, o velório nos mesmos local e horário seria a ocasião propícia para o ajuste de contas ou vingança.
A polícia agiu: apreendeu, no caminho do cemitério, dois revólveres e uma pistola, que eram portados por um dos dois bandos, visivelmente um material que seria empregado na vindita, durante o velório.
Era tão previsível e iminente o choque entre as duas facções no cemitério, que o padre que oficiou a encomendação dos três corpos estava com medo de morrer na cerimônia.
Está tão feia a situação entre nós, que já há padres usando batinas à prova de balas.
Que fique uma lição para as autoridades e para os diretores de cemitério: sempre que houver sepultamentos que envolvam cadáveres pertencentes a facções rivais, não marquem os enterros para a mesma hora.
Se possível, claro que é possível, não marquem os enterros para o mesmo cemitério, porque pelo menos os velórios vão coincidir de horário e vai haver bagunça.
E o mais sensato seria que velórios e enterros de membros de facções adversárias sejam realizados em cemitérios de cidades diferentes.
Outra coisa, sobre o medo do padre - noticiado por ZH - de oficiar a encomendação dos corpos em Caxias: a situação da segurança pública está tão crítica no país, que já há seminários formando padres com curso de defesa pessoal, tiro e até estratégia e tática de guerrilha urbana nos currículos dessas escolas religiosas.
Da minha parte, tenho também tomado meus cuidados. Não estou só usando o colete à prova de balas. Mandei fazer para mim, só não a usei por ainda não ter tido coragem estética, uma coleira à prova de balas, isto é, uma proteção à prova de balas em volta de todo o meu pescoço.
Ou seja, de que adianta eu usar só um colete à prova de balas, se o tiro de que eu for alvo nessa onda de assaltos me atingir um palmo acima do limite do colete?
E um sapateiro da Rua Washington Luiz está confeccionando para mim, depois de eu lhe ter entregue uma manta de aço, uma tornozeleira à prova de balas, na possibilidade de que, só para me assustar, um assaltante me dê um tiro no pé.
Estou tomando aulas sobre dois temas que basicamente me interessam em abril: assisto a duas horas diárias de aula sobre bactérias e outras duas horas diárias de aulas sobre francês.
Motivo das aulas intensivas de francês: Charles Aznavour canta dia 29 de abril em Porto Alegre e nunca se sabe...
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