quarta-feira, 30 de abril de 2008



30 de abril de 2008
N° 15587 - Paulo Sant'ana


Um incesto revoltante

Não se sabe o que é mais brutalmente perplexo neste caso do cativeiro austríaco: se a perversidade do pai ao manter a filha presa num porão durante 24 anos ou se a dor lancinante da filha ao ver-se privada do sol e da sociabilidade por mais de duas décadas.

O que espanta neste caso austríaco e em tantos outros de que temos conhecimento, alguns em nosso meio, é a mais completa ausência de piedade nos corações e mentes dos criminosos.

Não há a mínima concessão à dor e à dignidade dos agredidos. Pelo contrário, os agressores parecem alimentar-se da dor das vítimas. Eles só se sentem realizados quando produzem aflição e ruína físicas ou mentais em suas vítimas.

Estou convencido de que todos esses casos de tortura e crueldade que se cometem contra indivíduos ou coletividades estão ligados umbilicalmente ao prazer sádico dos agressores.

Dessa forma, são atos insanos, cometidos por mentes atingidas por doença mental grave, irreversível.

É a conhecida sentença de que o homem tem um defeito de fabricação.

Se isso é verdade, alguns homens permanecem doentes após o recall e cada vez mais aprofundam sua morbidez, devastando os outros.

Com a colaboração do Olyr Zavaschi, estou publicando a impressionante e horrenda teia de incestos que o austríaco realizou na masmorra de sua casa, interpenetrando todos os parentescos entre si:

1) Ele é ao mesmo tempo pai e avô dos seus filhos.

2) Ele foi ao mesmo tempo marido e pai da filha.

3) Ele é genro de sua mulher.

4) Ele é genro e sogro de si mesmo.

5) A esposa dele é avó e madrasta dos filhos da filha.

6) A esposa dele é também sua sogra.

7) Os filhos nascidos no porão são filhos e netos do pai.

8) Os sete nascidos no porão são filhos e irmãos da mãe.

9) Os sete irmãos nascidos no porão são também tios maternos entre si.

Este caso está chocando o mundo. Tanto pela violência perpetrada contra a filha que gerava os filhos, submetida sexualmente pelo pai, quanto pela extensão de tempo do cativeiro, 24 anos significam uma vida inteira, subtraída pelo pai à filha, dor que ao que tudo indica pode ter-se tornado loucura.

A filha do criminoso sofreu prisão solitária durante 24 anos. Impossibilitada de gritar porque seu pai colocou vedação acústica em todas as paredes (ele é engenheiro), cedo desistiu de tentar avisar os vizinhos, os transeuntes ou a polícia.

O pai criminoso tomou cuidados meticulosos para que seu crime não fosse descoberto durante toda uma vida e para que pudesse se fartar sexualmente de sua filha.

Não há por certo no Código Penal austríaco nem em qualquer diploma legal de nenhum país uma punição adequada para a extensão desse crime.

E se esse delito vai ser muito difícil de ser esquecido pela Áustria, pela Europa e por toda a humanidade, imaginem-se as marcas de trauma que deixará nas vítimas, em todos os membros da infeliz família envolvida.

Há crimes que desafiam o esquecimento.

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