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terça-feira, 15 de abril de 2008
O MELHOR DE PORTO ALEGRE
Como sabem os meus incontáveis leitores, sempre tão fiéis e generosos, esta coluna não perde ocasião de prestar serviços públicos. Diariamente eu me esforço em ser útil, especialmente quando trato de assuntos inúteis.
A cada ano, fazendo concorrência direta à revista Veja, divulgo a minha lista dos melhores lugares onde comer em Porto Alegre. Já se tornou uma tradição.
Sei que as pessoas aguardam ansiosamente O TTJ: Top Ten Juremir. Nos últimos 12 meses, ciente da minha responsabilidade, entrei muitas vezes no vermelho para fazer pesquisa de campo.
Os meus critérios são simplicidade, ambiente agradável, calor humano e ausência total de frescura e afetação. Se tiver boa comida, ajuda muito na minha rigorosa e incorruptível seleção. Onde tem queijo em cima de tudo e tomates secos com folhas verdes eu não vou.
Eis a lista dos meus dez mais: Barranco, Calamares, Copacabana, Panchos, Lancheria do Parque, Gambrinus, Cachaçaria, Panorama (PUC), Olaria e Marcos (Bourbon Country).
O Barranco é disparado a melhor churrascaria da capital gaúcha. Não tem concorrentes. Testei com estrangeiros. Não estou falando só de franceses.
A amostragem é muito mais significativa. Teve um italiano. Andamos por tudo. O resultado foi acachapante. Três quilos a mais por pessoa e Barranco de goleada. Chega a ser engraçado. Tem cara que desce no Salgado Filho já perguntando pelo 'Barrancô'.
Teve um filósofo kantiano querendo colocar no contrato que o jantar não seria em outro lugar. A picanha do Barranco, quando dá certo, é única. Com a temperatura ideal, ao meio-dia ou à noite, sob as árvores, nenhum cenário é mais delicioso em Porto Alegre. Deveria ser tombado pela Unesco. Já!
Massa é no Copacabana. Palavra de Lucien Sfez. Jamais conheci alguém tão exigente quanto meu amigo Sfez. Depois de quatro meses em Porto Alegre, tendo freqüentado as casas mais badaladas, aprovou o Copacabana como o melhor italiano daqui. Limitei-me a dizer: eu já sabia! Bacalhau é no Calamares.
Meus amigos acham salgado. O preço. O prato, no entanto, é perfeito. Parrillada com achuras é no Panchos. Está tão bom que já virou ponto de encontro dos fronteiristas saudosos da infância.
Proust molhava uma madeleine no chá e voltava ao passado. Nós, vizinhos da Banda Oriental, mais sofisticados e originais, alcançamos o mesmo efeito com uma morcilha.
Ao meio-dia, no Centro, o Gambrinus é imbatível em boa comida com uma atmosfera de vida real muito calorosa e pulsante. O Mercado funciona como máquina do tempo.
Há os que preferem um bufê. Posso garantir que o melhor da cidade é o do Restaurante Panorama na PUC. Não precisa pesar, o preço é confortável, o ambiente, acolhedor. Fala-se de futebol até bioética com indicações bibliográficas e muitas teses.
Pode-se escolher entre comidas brasileiras variadas, saladas, italiano, japonês, feijoada, culinária campeira e até mocotó. Sem contar as sobremesas. Adoro ver a cara de espanto dos estrangeiros quando chegam lá.
Por estrangeiros entenda-se todos os seres nascidos fora do Brasil ou depois do Mampituba. No Olaria, mais do que a comida, conta o ambiente agradável ao ar livre para noites quase bar. O Marcos é o melhor no quase sempre pior: restaurante de shopping.
A Cachaçaria é o que temos de melhor em comida mineira. A Lancheria do Parque continua insuperável na categoria popular, boa comida, afeto, alegria e as melhores piadas de futebol.
juremir@correiodopovo.com.br
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