14 de abril de 2008
N° 15571 - Kledir Ramil
Celular em avião
Sou o tipo de cara que acha que deveria ser proibido o uso de celular em determinados lugares, como elevador, por exemplo. Não por questões técnicas, não acredito que o elevador possa cair por causa das ondas eletromagnéticas. O problema é que certas pessoas não têm educação. Tem gente que até solta pum em ambiente fechado.
Ao usar o aparelhinho móvel, muita gente perde o bom senso e fala pelos cotovelos. Grita o que bem entende, como se não existisse um mundo a sua volta. Já participei, de forma compulsória, de coisas das quais eu gostaria de ter sido poupado.
Compra de ações da bolsa, galanteios com referências à cor da calcinha, números de um código de barras, um ignorante xingando a própria esposa, uma garota pedindo perdão, a escolha das medidas de uma engrenagem para regular a vazão de uma bomba dágua...
É muito lixo ocupando minha memória. O tempo que se perde tendo que participar da vida dos outros é tempo que se deixa de viver. Não é justo.
Agora, fiquei sabendo que a Comissão Européia aprovou o uso de celulares em aviões. Para uma coisa dessas funcionar, seria preciso construir aeronaves com uma salinha separada nos fundos, como os antigos Electras. Aí sim, é só trancar os falastrões lá dentro e, por mim, pode liberar até o cigarro. E os gases.
Parece que a sede de lucro das operadoras não tem fim. Está chegando a um dos últimos redutos de quietude sonora, as viagens aéreas.
Sei que a vida moderna tem sempre muita coisa urgente, mas há um pacto social que criou um oásis de silêncio dentro das aeronaves. É um dos raros momentos em que se pode parar e pensar um pouco na vida.
Essa é uma das razões pelas quais grandes empresas ainda mantêm seus executivos viajando e não conversando por teleconferências.
São pessoas que tomam decisões importantes e em velocidade cada vez mais acelerada. Precisam de um tempo para pensar em paz.
Celular em avião é uma maldade. Dentro de um elevador você ainda tem a saída de apertar um botão e descer. Se aprovarem essa medida, vou sugerir que cada passageiro, junto com o saquinho de amendoim, tenha direito a receber também um equipamento de pára-quedas.
Assim, os incomodados podem se retirar ou, na melhor das hipóteses, amarrar cada tagarela em um pára-quedas e jogar lá de cima.
Ótima segunda feira e uma excelente semana pra todos nós, com temperaturas baixas e muito vento neste Sul hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário