Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 12 de abril de 2008
13 de abril de 2008
N° 15570 - Davi Coimbra
O olho de vidro
O Fernando tinha um olho de vidro - perdeu o de verdade num acidente de carro. Vi o Fernando tirar aquele olho várias vezes, uma experiência deveras peculiar.
Não vou descrever o que havia abaixo do vidro, porque o fiz no Pretinho Básico e o Potter passou mal. Só conto que, uma tarde, caminhávamos ali pelo antigo supermercado Febernatti e um carro, entrando no estacionamento, quase o atropelou. O motorista abriu a janela aos berros:
- Não enxerga, é?
O Fernando sacou o olho de vidro, aproximou a cara do motorista e mandou:
- Não, ó!
Por pouco o sujeito não desmaiou ali mesmo, atrás do volante.
Quando ia dormir, o Fernando deitava o olho em um pote com água, que nem uma dentadura. Aquele olho ficava ali, boiando, fitando o vazio com grande atenção.
Certa noite, o Fernando conheceu uma formosa moça em uma festa, levou-a para casa e, depois da ingestão de algumas taças de champanhe, eles fizeram amor - o Fernando sempre foi um romântico, não fazia sexo, fazia amor. Findo o ato, os dois dormiram abraçados, de colherinha, uma graça.
Transcorridas uma ou duas horas, o Fernando acordou, foi ao banheiro para fazer sua higiene íntima e pôs o olho de vidro no copo d´água. Voltou para cama com o copo, depositou-o no criado-mudo, achegou-se à dama nua e linda, que ressonava docemente, e adormeceu.
Eis desta vez quem acordou foi a moça, a garganta seca, a boca pastosa, agoniada de sede. Divisou aquele copo convidativo e não teve dúvida: bebeu a água de uma única vez. Engoliu o olho do Fernando. Que, ao acordar e saber do ocorrido, apenas comentou:
- Essa mulher está me saindo os olhos da cara.
O Fernando era assim, aceitava qualquer vicissitude com bom humor.
Bom humor, tolerância, essas são talvez duas das maiores qualidades humanos. Que, infelizmente, andam ausentes no futebol. Quem dribla leva cartão amarelo, quem comemora gol é expulso de campo e o torcedor, a cada dia, se comporta com maior ignorância. Isso que o futebol é só um jogo! Imagina se essa gente perdesse um olho.
A estátua roubada
Esse é o IAPI em seus primórdios. No canto esquerdo, em primeiro plano, vê-se uma réplica do famoso Discóbolo de Míron, escultor grego imitado há 25 séculos.
A estátua havia sido plantada no Estádio Alim Pedro, onde eu costumava dar lançamentos em profundidade de 60 metros. A bola saía do meu pé direito, voava intrépida como um pterodáctilo e pousava mansinha feito um filhote de labrador no pé direito do Jorge Barnabé. Cara, eu consagrei aquele Jorge Barnabé. Eu era o Rivellino, ele o Búfalo Gil.
Mas a estátua. Essa da foto não era ainda a que deveria repousar pela eternidade sobre o pedestal de pedra do Alim Pedro. Era uma provisória, de cimento, creio, ou algum material semelhante. Só que aconteceu o seguinte: roubaram a estátua! Por Deus.
Alguém, em alguma curva sombria da madrugada, arrancou-a do pedestal e a levou para casa. Imagino que um morador do IAPI ainda a conserve no quarto. Até hoje o pedestal continua lá, em frente ao campo, insolitamente nu.
Essa história, importante frisar, não deve desestimular os próceres da cidade que pretendem fincar uma estátua da Elis Regina no IAPI. O roubo foi só de sacanagem mesmo. Uma gozação.
Tanto que a estátua da índia Obirici ainda está vertendo lágrimas de água do Dmae debaixo do viaduto. Podem colocar a Elis no IAPI, ninguém irá tirá-la de lá.
Pelaipe é um herói
O torcedor do Grêmio responsabilizou Pelaipe pela crise do time, exigiu sua demissão, ameaçou sua família. Ora, Pelaipe é um herói do Grêmio. Explico: desde o ano passado, Odone vem avisando que é impossível a uma pessoa só tocar o clube e o projeto da Arena ao mesmo tempo. Tentou sair da presidência, tentou colocar Antônio Britto em seu lugar, o torcedor não deixou, fez manifestações, bradou um não rotundo nas rádios.
A partir daquele momento, o da rejeição do Britto, o Grêmio desandou. Naquela mesma semana, o time perdeu para o Atlético no Paraná, depois perdeu a primeira em casa para o Figueirense e afinal perdeu a quase garantida vaga para a Libertadores.
Agora, neste ano, foi o que se viu. Por quê? Porque Pelaipe estava comandando o futebol sozinho. Ninguém terá sucesso, se estiver sozinho à frente de um clube com o tamanho do Grêmio.
A torcida errou ao rejeitar Britto, errou ao culpar Pelaipe. A torcida, não raro, erra.
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