Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 4 de abril de 2008
04 de abril de 2008
N° 15561 - Ricardo Silvestrin
Desconstruindo Brasília
As cidades se constroem pelo improviso. Como a vida. Começam num lugar, normalmente por motivos econômicos. Perto do rio, perto do mar. Junto a uma mina.
E vão crescendo, vivas, construídas dia a dia por aqueles que vão morrendo ao longo de anos. Não foi assim com Brasília. A capital do Brasil nasceu de uma idéia, de um plano.
Ao contrário de Nero, que teve o poder de destruir uma cidade, Oscar Niemeyer recebeu o privilégio de pensar uma cidade do zero. Algo totalmente anti-histórico. O lugar do poder. No fundo, uma idéia de reino encantado.
Ali, tudo seria perfeito. Seria, se não aparecesse um poeta. Nicolas Behr, o poeta marginal de Brasília. Chegou na cidade aos 10 anos. Nasceu em Cuiabá.
Na Capital Federal, lançou diversos livros, todos publicados de forma independente. Alguns títulos já revelam o tom da conversa: Chá com Porrada, Parto do Dia, Brasiléia Desvairada.
Se Niemeyer e Lúcio Costa construíram Brasília, Nicolas Behr vem desconstruindo-a durante esses anos todos. Os primeiros poemas dele que ouvi foram da boca de outro poeta que também publicou livro independente, Mario Pirata.
Na Roda de Poesia, nos anos 80, Mario falava vários hits poéticos da época, extraídos dos livros de Nicolas Behr: "Senhores turistas/ eu gostaria de frisar / mais uma vez / que nestes blocos de apartamentos / moram inclusive pessoas normais".
Agora, parte dessa produção de poemas que levou inclusive Nicolas Berh para a cadeia em 1978, preso pelo DOPS por "porte de material pornográfico", está reunida no livro Laranja Seleta, edição da Língua Geral.
Poemas curtos, longos, recitáveis, outros para serem lidos em silêncio. Irônicos, sérios, críticos, bem-humorados, também mal-humorados.
Mas sempre com o gingado, a inteligência e o pique dessa geração de poetas, como Chacal, Francisco Alvim, Leminski, entre outros, que têm, antes de mais nada, um grande mérito: ser proibido fazer poesia chata.
Não espere do livro do Nicolas Berh o papo furado, as imagens bem-comportadas, a dor literária, o ar de profundo. Abra e deixe que o livro se inaugure em você, como neste poema: "Quando será inaugurada em mim / esta cidade?".
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