terça-feira, 1 de abril de 2008



01 de abril de 2008
N° 15558 - Luís Augusto Fischer


Artes difíceis por aqui

Não faz uma semana, engrenei com o amigo Enéas de Souza uma conversa sobre necessidades da vida cultural na cidade. Defendi a tese de que uma coisa urgente a fazer é incentivar o público a participar dos espetáculos e atividades que já são oferecidos, nos agora vários espaços culturais.

Muito diversamente de uns 15 anos atrás, quando se lutava por espaços e por produção local, agora temos uns e outros, em quantidade apreciável - falta agora dar uma torcida no outro parafuso.

Não apenas temos espaços, como igualmente se anunciam novidades de grande impacto. Vem vindo aí o Multipalco do Theatro São Pedro; está para estourar um centro cultural da Caixa, no antigo Imperial, na praça da Alfândega;

o CIEE vai inaugurar um teatro com uma acústica que os entendidos dizem ser a melhor de Porto Alegre; a Ospa ainda vai ter seu teatro próprio; aquele shopping do Cristal vai ter alguma coisa nesse campo; e o museu Iberê.

E por aí vamos. Falta mais? Sim, mas vamos convir que muita coisa já está pronta e funcionando, a Mario Quintana, o Memorial, o Margs, a Usina, a Fiergs etc.

Falta gente educada e motivada para freqüentar esses espaços e usufruir das produções que circulam neles. Em algum ponto estamos falhando, nesse circuito. Certamente tem a ver com educação, em sentido amplo:

nem as famílias, nem a escola, nem a mídia em geral têm conseguido mostrar que literatura, teatro, artes visuais, dança e música valem muito a pena, valem tanto quanto as coisas mais essenciais que se pode conceber, quando o patamar da vida é civilizado.

De todas as artes, as mais complicadas nessa missão de encontrar um público grande, interessado e inteligente são a música erudita e a dança. As outras conseguem fazer esse laço com as gentes; mas música erudita, nem dispondo de uma orquestra bastante boa como a Ospa, temos conseguido formar platéia.

Quando à dança, bem, basta o exemplo recente: ficou apenas dois dias em cartaz o lindo, sensível, sublime espetáculo Olhos Abertos no Sol, coreografado pelo talento de Mark Sieczkarek e marcando a estréia da Porto Alegre Cia. de Dança.

O espetáculo volta mais adiante, e eu acho que não se pode perder a chance de estar perto de uma aula de dança-teatro que melhora nossa condição de seres respirantes.

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