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quinta-feira, 27 de março de 2008
ELIANE CANTANHÊDE
O olho da cara
BRASÍLIA - Deveras interessante a posição do PMDB de recomendar aos governadores e dirigentes estaduais e municipais do partido alianças prioritárias com o PT e os partidos aliados ao Planalto nas eleições das prefeituras.
Excelente aposta para um partido que é o mais enraizado no país, tem sete governadores, as maiores bancadas parlamentares, uma marca ainda hoje identificada com as velhas boas causas e... nenhuma perspectiva de subir a rampa do Planalto.
Antes, pendurava-se no PSDB. Agora, pendura-se no PT. Ou melhor, em Lula, na sua enorme popularidade e nas suas boas perspectivas -reais, apesar de ainda não registrada pelas pesquisas- de fazer o sucessor em 2010.
É assim que o PMDB se eterniza no poder, pegando carona não nas vitórias de um outro partido, mas sim na gangorra entre PSDB e PT. E com destaque.
Vide o Pará, onde quem se elegeu foi a petista Ana Júlia, mas as informações que vêm de lá dizem que quem manda é o peemedebista Jader Barbalho. Vide São Paulo, onde a candidata será a petista Marta Suplicy, à beira de ceder à conveniência pragmática de uma aliança com Orestes Quércia.
E na Bahia? O PT fez bonito. Venceu as eleições para o governo do Estado nos últimos minutos e chegou ao Palácio de Ondina com o baiano-carioca Jaques Wagner.
Mas tudo indica que o grande beneficiário do ocaso do carlismo não será exatamente o PT, e, sim, o PMDB de Geddel Vieira Lima -o mais tucano dos peemedebistas no governo FHC, o mais petista dos peemedebistas no governo Lula. E ministro da Integração Nacional.
Atenção Ricardo Berzoini, contrário à aliança PT-PSDB em Minas: o poder tem custado caro a tucanos e petistas, mas o que custa o olho da cara é a disputa cruenta entre ambos. PT, PMDB e DEM (que tem lado) perdem. O PMDB, que vai para onde o vento sopra, se dá bem. E como!
elianec@uol.com.br
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