sábado, 29 de março de 2008



29 de março de 2008
N° 15555 - Paulo Sant'ana


Retratação indevida

O pior é a gente estar certo e por imperativo de consciência, tendo sido convencido por outrem de que estava errado, retratar-se publicamente e pedir desculpas a quem se criticou.

Ainda bem pior é no dia seguinte ficar definitivamente comprovado que se estava certo e que a retratação que a gente fez, por isso, foi improcedente, e a pessoa criticada, amassada pela prova de que foi justamente criticada, não reconhecer publicamente que estava errada, depois de incrivelmente ter aceito a retratação da gente.

Aceitou a retratação como se não estivesse errada, sabendo que estava errada.

E, tendo sido provado que estava errada, faltou-lhe a grandeza de desculpar-se pelo agravo que sofreu quem foi obrigado pelas circunstâncias conhecidas a retratar-se.

No Livro dos Imortais, uma sub-bíblia judaica, está escrito que ser forte não é dominar os outros, ser forte é dominar-se a si próprio. Está também escrito nesse livro que ser sábio não é mergulhar nos livros e abeberar-se de todo o conhecimento.

Ainda está escrito no memorável livro que ser rico não é acumular cada vez mais riquezas. Ser rico é contentar-se com o que se tem.

E finalmente o que interessa: respeitável não é aquele que é respeitado pelos outros, mas sim o que respeita os outros.

Sendo assim, quem me ultrajou, permitindo que eu me retratasse - e eu só me retratei para não cometer uma injustiça a quem eu critiquei justamente - , embora eu tenha depois da crítica me convencido erradamente de que minha crítica era injusta, quem fez isso comigo não é respeitável.

Eu tenho uma sugestão à governadora Yeda Crusius para quando ela voltar da viagem.

A minha sugestão é que ela designe o vice-governador Paulo Feijó para arranjar a casa no Detran. Não estou absolutamente fazendo qualquer acusação à atual cúpula do Detran, acho que ninguém tem nada contra ela.

Mas é preciso resolver um monte de impasses no Detran, principalmente os motivos que levam ao preço extorsivo e inaceitável de uma carteira de motorista no Estado.

É preciso no Detran um estudo e uma ampla providência de alguém de fora do Detran para que se estudem os meios de baratear até a raspa do fundo da panela o preço absurdo que estão cobrando por uma carteira aos 3,5 milhões de motoristas gaúchos.

Exemplo de que tudo está errado: li esses dias que em vários Estados a carteira de habilitação custa mais barato que no RS porque é o próprio Detran que faz os exames práticos e teóricos junto aos motoristas, enquanto aqui no RS quem faz esses exames são intermediários postos na função sem licitação, alguns deles envolvidos no último escândalo.

O atual governador interino do RS é o homem ideal para fazer esse enxugamento administrativo e fiscal no Detran.

Peço ao secretário de Governo que mostre à governadora, quando ela voltar da viagem, essa minha sugestão.

Conversei esses dias com Paulo Feijó e ele me disse que está pronto para desempenhar qualquer missão necessária ou imprescindível no governo.

Então que seja onde a bola está picando para um chute forte: no Detran.

Ou a governadora engole e faz desaparecerem os defeitos estruturais do Detran ou o Detran engole a governadora.

Se a governadora enxugar o Detran, esta é a melhor e única forma que ela tem para declarar ao Rio Grande que, como é óbvio, condena tudo o que aconteceu naquele órgão.

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