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terça-feira, 25 de março de 2008
25 de março de 2008
N° 15551 - Cláudio Moreno
Nossas musas
Desde Hesíodo, a maioria dos autores gregos usa o mito de Pandora para explicar a criação da mulher.
Uns dizem que essa criatura, moldada pelos deuses, teria vindo para aliviar a solidão masculina; outros, entre os quais se alinha Hesíodo, acusam-na simplesmente de ser uma forma maquiavélica de castigar os pobres machos indefesos.
Não abraço nenhum dos dois partidos porque ambos pressupõem a crença ingênua de que a mulher nasceu para servir ao homem, seja como prêmio, seja como punição. Para explicar a presença feminina no planeta, prefiro recorrer ao mito das Musas.
Foi Zeus quem as gerou. Preocupado em tornar o mundo melhor e mais cheio de beleza, o rei do Olimpo visitou, por nove noites sucessivas, o leito de Mnemósine, a deusa da Memória; nove meses depois, nasceram as nove Musas, a quem devemos dons maravilhosos como a música, a dança, a poesia e todas as outras artes, bem como o talento e a intuição.
Viviam sempre alegres e sorridentes; dançavam e cantavam com extrema doçura e leveza, acompanhadas pela lira de Apolo, a quem obedeciam.
Eram bonitas e graciosas, sempre vestidas com roupas diáfanas e esvoaçantes. Alguns chegam ao cúmulo de dizer que elas tinham olhos cor de violeta.
Sendo mulheres exemplares, tudo nelas estava voltado para a preservação da vida. Embora o sacrifício de animais fosse comum nos altares gregos, as Musas rejeitavam qualquer derramamento de sangue e só aceitavam oferendas de água fresca, leite ou mel.
Amavam a paz, e jamais escultor ou pintor ousou representá-las armadas, como costumavam fazer com Atenas ou Artêmis, deusas guerreiras.
Sim, eram pacíficas e benfazejas, mas tolo seria quem pensasse que isso era sinal de fraqueza, como veio a descobrir o pobre Tamiris, poeta tolo e presunçoso.
Todos sabiam que as Musas penetravam na mente dos mortais para torná-los criativos; o artista afortunado que recebesse sua visita não teria problemas para encontrar o ritmo e as palavras certas para suas composições - mas não adiantava convocá-las, porque, assim como a fome, o amor ou a alegria, elas só viriam quando assim decidissem.
Tamiris quis assumir o controle e as desafiou para um concurso musical: se vencesse, poderia possuir todas as nove; se perdesse, elas fariam com ele o que quisessem.
Elas o derrotaram, tiraram-lhe os olhos, a lira e a memória, para puni-lo, como diz nosso poeta Antônio Cícero, pela insensatez de querer possuir aquelas que já o possuíam.
E ai da mulher que ousasse competir com elas! As Piérides, hábeis cantoras, desafiaram as Musas - e elas as transformaram num bando de gralhas barulhentas.
As sereias, que tinham corpo de ave e rosto de mulher, caíram no mesmo erro de enfrentá-las - e elas tiraram-lhes as penas, fazendo com que nunca mais pudessem voar.
Assim eram elas, e ainda o são, as nossas musas: doces e suaves, trazem beleza e paz para os que sabem tratá-las como merecem; para os outros, no entanto... Cuidado com elas!
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