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quinta-feira, 13 de março de 2008
CLÓVIS ROSSI
Uma crise feita de palpites?
SÃO PAULO - Começo a achar que a crise financeira global está muito mais nos palpites dos entendidos (supostos ou reais) e nos cassinos também chamados de mercados do que na rua.
Já comentei aqui mesmo que, na Espanha, havia uma contraditória percepção sobre a crise, conforme pesquisa recente: a maioria relativa dos entrevistados, quase 50%, achava "má/muito má" a situação do país, ao mesmo tempo em que porcentagem idêntica dizia ser "boa/muito boa" a sua própria situação pessoal.
Agora, surgem dados sobre a economia do conjunto da zona do euro (do qual faz parte a Espanha) que apontam para um cenário menos apocalíptico do que dizem alguns (ou muitos) economistas. A produção industrial, o dado de ontem, cresceu 0,9% em janeiro, o triplo do que era geralmente esperado.
Aí, deu-se o seguinte: o euro subiu de novo, batendo o recorde de cotação em relação ao dólar. Cada euro chegou a valer US$ 1,55, antes de recuar levemente para US$ 1,54, assim mesmo uma enormidade.
Subiu, dizem os analistas, exatamente porque a economia européia permanece "resiliente ante a turbulência nos mercados financeiros globais", como informa o "Financial Times".
Tudo bem. Vamos admitir que, de fato, a economia européia esteja mais resistente do que se afirmava. Mas alguém aí pode, por favor, me explicar duas coisinhas básicas? A saber:
1 - A economia européia não estava esclerosada, não era incapaz de competir com a norte-americana, segundo todos os arautos do pensamento único?
2 - Como é possível que, na terça-feira, o dólar se recupere e volte a cair na quarta a não ser por apostas especulativas? Ou vão me dizer que uma economia, qualquer que seja, fica forte num dia e fraca apenas 24 horas depois, arrastando na gangorra a sua moeda?
crossi@uol.com.br
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