quinta-feira, 27 de março de 2008



27 de março de 2008
N° 15553 - Nilson Souza


A cara de Porto Alegre

Um garçom, uma ascensorista, uma engraxate, um taxista e um vendedor de flores disputam a eleição informal que Zero Hora promove para homenagear os porto-alegrenses nesta semana de aniversário da capital gaúcha.

Os candidatos foram indicados pelos leitores e selecionados por uma equipe de jornalistas, pelo critério das citações e da exclusão de celebridades como Paulo SantAna e Paixão Côrtes.

A Cara de Porto Alegre, nesta promoção, será a de um cidadão comum - ainda que cada indivíduo, por mais anônimo que pareça, tenha peculiaridades que o tornem incomum perante os demais.

Gostei muito dos personagens escolhidos, pois me parecem extremamente representativos do povo da minha cidade. Não os conheço pessoalmente, mas tenho certeza de que qualquer um dos cinco será merecedor desta distinção.

Basta observar as atividades que exercem. Todos trabalham com o público. Se receberam o reconhecimento da indicação espontânea é porque exercem seus ofícios com dedicação, eficiência e simpatia. Além disso, suas ocupações são emblemáticas.

O garçom é quase sempre aquele sujeito que procuramos tratar pelo nome já no primeiro encontro, porque a intimidade nos faz crer que seremos bem servidos. Quando o cara é esperto, gentil e brincalhão, conquista até mesmo os clientes mais exigentes. O garçom, muitas vezes, é mais do que um simples atendente: é psicólogo, pai, amigo e confidente.

Se o garçom for eleito, farei um brinde para ele.

A ascensorista nos leva para o céu dos arranha-céus e nos devolve em segurança à realidade do chão, sem cobrar ingresso pelo passeio. Discreta no seu cantinho, exerce o poder mágico de acalmar claustrofóbicos, orientar desorientados, elevar espíritos e baixar tensões e pretensões.

Talvez mereça o último andar do pódio.

Engraxate é aquela criatura que nos pega pelos pés e nos dá um lustro na alma, especialmente quando tem espírito alegre, sabe contar anedotas ou aplicar uma batucada de discretas cócegas. Como não admirar alguém que consegue transformar poeira em brilho e nos trata com o carinho das pelúcias?

Será justo se o prêmio for parar nas suas mãos manchadas de trabalho.

O taxista nos conduz pelos labirintos da metrópole, conhece todos os rumos e todas as saídas. Pode ser um contador de histórias ou um silencioso acompanhante dos nossos pensamentos em trânsito. Quando é hábil, sabe acelerar sonhos e frear preocupações.

Se couber a ele a bandeirada da vitória, serei o primeiro a aplaudir.

Mas tem um homem que semeia rosas na noite dos porto-alegrenses e mistura seu canto ao perfume das flores.

Ainda que, com temperatura elvada neste Rio Grande, tenhamos todos uma ótima quinta-feira.

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