sábado, 22 de março de 2008



22 de março de 2008
N° 15548 - Cláudia Laitano


Mulheres da semana

Mulher verdura - Tudo começou com a Samambaia. Depois vieram a Melancia e a Jaca - prima da Melancia e de apelido "Dadá". Tem também a Bananinha.

Mas a novidade da semana não se mixa e encara logo o topo da cadeia alimentar: Filé. Além da ausência de nome e da quilometragem de quadril, todas com mais de cem centímetros de circunferência, Jaca, Melancia e Filé ocupam postos de destaque no onívoro mercado do funk carioca.

Musa vegetal do verão, assunto onipresente em blogs e sites nas últimas semanas, a Mulher Melancia chegou rapidamente ao ápice da fama e estampa a capa da próxima Playboy.

Enquanto as 64 páginas dedicadas a ela não chegam às bancas, circulam pela internet fotos do início da sua carreira - que deve ter sido em janeiro. Em uma delas, a Mulher Melancia aparece de biquíni em uma praia do Rio, sorridente e empinada, casualmente inclinada sobre um inexplicável, mas eloqüente, contêiner de lixo.

Mulher rapinante - OK, US$ 48 milhões devem ser um balde na piscina de dinheiro de Paul McCartney. Pelos meus cálculos, dá para ele repetir mais umas três ou quatro vezes a brincadeira de casar, ter filhos e se separar antes de precisar fazer shows nas churrascarias de Londres para se sustentar.

Também não sei o que ele aprontou durante o casamento - se obrigava a mulher a dizer todos os dias no seu ouvido que ele era melhor que o John Lennon ou perversão pior.

Mas a ganância explícita de Heather Mills, formalizada esta semana em um milionário acordo de divórcio, é de qualquer forma constrangedora para o gênero feminino.

Que motivos levam uma mulher jovem e saudável a meter a mão no bolso do sujeito com quem conviveu por apenas quatro anos?

Uma distorção moral, apoiada por um sistema de justiça que chancela o golpe do baú. Na década de 60, uma mulher com idade para ser mãe de Heather Mills foi demonizada por aparentemente ter precipitado a separação dos Beatles.

Os principais pecados de Yoko Ono eram ser não-convencional, feinha, de olhinhos puxados e ainda assim ter conquistado o coração de John Lennon. O tempo se encarregou de provar que a verdadeira bruxa no caminho dos Beatles fala inglês sem sotaque e é loira.

Mulher poderosa - A primeira coisa que precisa ser dita a respeito de mulheres na política é que decidir o voto em função do sexo do candidato é tão esdrúxulo quanto escolher o síndico do edifício em razão do penteado.

Tirando, talvez, a profissional da depilação, acredito que todos os outros devem ser julgados por méritos mais relevantes para a função do que o gênero.

Feita a ressalva sensata, fico liberada para confessar que a perspectiva de um cenário com uma mulher na presidência dos Estados Unidos, outra na presidência do Brasil, outra no governo do Estado, outra na prefeitura, sem falar das vizinhas presidentes da Argentina e do Chile, me parece muito inspiradora.

Não porque as mulheres tenham descoberto um jeito diferente, melhor, de fazer política - todas as qualidades que a gente espera de uma figura pública, ainda bem, são unissex.

Mas porque, quanto mais mulheres inteligentes, independentes, bem-formadas e seguras estiverem em evidência, melhor será para todas as outras. E as outras, infelizmente, ainda são muitas.

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