segunda-feira, 24 de março de 2008



24 de março de 2008
N° 15550 - Paulo Sant'ana


Uma dentro e uma fora

Como se sabe, os homens só são superiores às mulheres na força física.

Ainda que existam reações a essa verdade, as Olimpíadas estão aí para provar que as mulheres são fisicamente inferiores aos homens, os recordes femininos estão longe de poder encostar nos masculinos em todos os esportes.

Quanto às outras atividades humanas todas, o homem só tem superado as mulheres pela falta de oportunidades que se dão historicamente ao público feminino. No mundo inteiro instituíram-se sociedades machistas que oprimiram as mulheres, impedindo que elas concorram em todas as atividades (de novo, menos a física) com os homens.

Por sinal, essa hegemonia masculina foi erguida exatamente em cima do vigor físico, foi na marra que os homens obtiveram predomínio sobre as mulheres.

Isso que estou escrevendo, não o faço para agradar às mulheres, mas porque sinto que é a mais pura e transcendental das verdades.

Aonde quero chegar? Na eleição municipal que se travará em Porto Alegre.

Teremos três candidatas, Luciana Genro, Manuela DÁvila e Maria do Rosário.

Inconscientemente, o eleitorado pode não votar em mulheres. Assim como pode não votar em negros.

Mas havendo três candidatas principais, não haverá entre o eleitorado gente que queira votar em homem?

Claro que haverá. Não quero dizer em absoluto que quem for votar no José Fogaça agirá inconscientemente. O Fogaça tem uma trajetória política consolidada, foi um brilhante senador no trabalho de comissões e já está aí com um mandato de prefeito quase cumprido.

Mas Fogaça será favorecido por essas três concorrentes na eleição de prefeito.

Porque quem votar inconscientemente em homem ou mulheres nesta eleição, tendo três mulheres para votar e um homem, fará pender a balança para o homem, o peso de três é maior que o de um, só que os votos das três mulheres não se somam, pelo contrário, se dividem, o que favorecerá Fogaça, que como se sabe é o único homem (estou falando em único entre os mais cotados pelas pesquisas, Onyx Lorenzoni pode surpreender e José Fortunati anuncia que há a possibilidade de candidatar-se).

Poderá haver outros homens, mas com menor chance, supõe-se.

Pelo sistema de segundo turno, Fogaça se favorece, se os leitores conseguiram entender a sutileza do meu raciocínio.

Mas isso não impede que duas mulheres vão para o segundo turno. Eu apostaria que não, mas assim tão longe do pleito é só questão de quase palpite.

No entanto, o ponto principal desta minha coluna é o seguinte: é absolutamente certo que uma das três mulheres comporá o segundo turno, pelo menos uma. Podendo ser duas. Mas uma é certo.

Assim como é absolutamente certo, desta vez também matematicamente certo, que uma das três mulheres ficará fora do segundo turno.

Essa verdade derrubadora determina que a campanha e o duelo entre as três mulheres serão fratricidas. Obrigatoriamente haverá agressões entre elas. Quem pensava que, por serem mulheres, se portariam com serenidade e mansidão, enganou-se totalmente.

As discussões, os debates e a luta de pontos de vista entre as três mulheres serão furiosos como um combate de cachorros grandes.

Nesse embate não haverá lugares para fracas, nem omissas, nem condescendentes.

Mulheres sim, mas pusilânimes não.

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