quinta-feira, 20 de março de 2008



20 de março de 2008
N° 15546 - Paulo Sant'ana


O camarim da eleição

O prefeito José Fogaça, que lidera as pesquisas para as eleições de outubro, quando tentará a reeleição, vai começar agora a perder terreno nas consultas populares.

Não será nada que possa abalar gravemente sua pretensão de permanecer no cargo, mas ele sentirá o golpe.

É que a imprensa já começa a dar lugar privilegiado na mídia às três mulheres que concorrerão com Fogaça. E Fogaça vai sair da ribalta, são muito sedutoras as três candidatas, não há nada mais tentador que uma mulher inteligente e bonita. E as três preenchem teoricamente esses dois requisitos.

Eu fico imaginando como será o camarim de maquiagem dos quatro candidatos no debate de televisão do primeiro turno.

Luciana Genro, Manuela DÁvila e Maria do Rosário caprichando nos detalhes das pinturas sobre o rosto, alinhando meticulosamente seus penteados - e José Fogaça lá num canto, arriado, sem forças para competir em atração física com as três concorrentes.

E quando os quatro sentarem-se na bancada e começar o debate, é indiscutível que a maior curiosidade dos telespectadores se concentrará nas três candidatas mulheres.

Fogaça terá de ter muito talento comunicativo e político para tirar o foco das três mulheres. Muito talento.

A não ser que um meramente óbvio fenômeno de comunicação se instale na transmissão e em toda a eleição. Que o eleitorado feminino penda, por paradoxalismo, para o único candidato masculino com chance de vitória, Fogaça.

Mas todos os meus colegas aqui da Redação me disseram ontem e anteontem que teremos a mais sensacional eleição para prefeito de todos os tempos.

E não é porque vai participar dela o Fogaça que meus colegas de ZH estão dizendo isso.

Leio estupefato que os auditores da Receita Federal e os fiscais do Ministério do Trabalho entraram em greve esta semana.

Há 12 anos leio que os auditores da Receita Federal estão em busca de vencimentos dignos. E há 12 anos leio que a arrecadação do governo federal sobe a níveis estratosféricos.

Ou seja, é fundamental, para que a Receita Federal bata os recordes de arrecadação, todos os anos, que seus auditores tenham preparo, competência, exação, esforço profissional.

E o governo os trata com desprezo salarial, com salários incompatíveis de tal forma com sua formação, que grande número deles se demite do serviço público e vai trabalhar em empresas privadas, onde só aí podem perceber ganhos que se harmonizam com sua capacidade profissional.

E não percebe o governo que, com o passar do tempo, se assim forem minguando os competentes que não quererão mais ser auditores, sofrerá o quadro lá adiante uma diminuição na qualidade dos seus integrantes?

E se há anos os auditores da Receita Federal entram em greve ou se movimentam por melhor remuneração, é porque sempre, nesses anos todos, foram mal pagos.

E pode haver maior injustiça, desde que se sabe que todos os auditores têm diploma de curso superior?

E aqui no plano estadual a injustiça que se comete com os defensores públicos!

A imagem já é gasta, mas vale a pena repeti-la: numa ação em que estão ali as partes, o promotor ou procurador e o juiz, estes dois últimos auferindo salários justos, enquanto o defensor público, que está no plano da ação no mesmo nível deles, percebe ganhos três a quatro vezes inferior àquelas duas autoridades!

E o governo estadual massacra os defensores públicos salarialmente. Bem assim e igualmente como massacra os delegados de polícia e os técnicos-científicos, que há 13 anos foram reajustados em migalhas que não dariam para que eles custeassem sequer o ensino para seus filhos, quanto mais os outros 90 mil itens de consumo.

Que holocausto, como eu sempre disse!

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