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sábado, 15 de março de 2008
CLÓVIS ROSSI
O patrimônio jogado no cassino
SÃO PAULO - O economista Paulo Rabello de Castro, colunista desta Folha, montou uma tabela com as perdas com a crise já reconhecidas pelos bancos. São sete instituições dos EUA, duas suíças e, as outras, do Reino Unido, Holanda e França. Perdas já reconhecidas: US$ 89,5 bilhões. Exposição remanescente: US$ 267 bilhões.
A soma já é considerável. Corresponde a cerca de um quarto de toda a economia brasileira. Mas é um número pequeno, se se considerar que o economista listou apenas 12 instituições e somou só as perdas reconhecidas oficialmente.
Fica, por isso mesmo, longe dos apocalípticos números de algumas previsões, que falam em perdas de US$ 1 trilhão.
Mais grave do que o número bruto é saber que o ele significa: na média ponderada, essas 12 instituições comprometeram com apostas arriscadas 40,51% do patrimônio.
Se, como é razoável supor, essa proporção vale para o conjunto do sistema financeiro no mundo rico, de fato terá razão o editorial de ontem do jornal britânico "The Times" ao dizer: "Todos os sinais são de que o mundo está no meio de uma crise financeira diferente de qualquer coisa vista antes".
Apocalipse à parte, espanta ver a avaliação que faz ninguém menos que um Nobel de Economia, Edmund Phelps, em artigo para o "Wall Street Journal" de ontem: para ele, a crise é culpa do fato de a maioria dos economistas "ter pretendido que a economia é essencialmente previsível e compreensível" e que, portanto, "decisões econômicas e decisões políticas (...) podem ser reduzidas a uma ciência".
Não foi aposta na ciência, caro Nobel. Aqui, corro o risco de concordar com o presidente Lula, que, intuitivamente, disse, no começo da história, que se tratava de "ganância de alguns fundos de investimento", que imaginaram estar em "um cassino".
crossi@uol.com.br
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