sexta-feira, 28 de março de 2008



28 de março de 2008
N° 15554 - Paulo Sant'ana


A força do elogio

Está em Porto Alegre uma equipe da TV Globo, em intercâmbio com a RBS TV, constituída de diretores e jornalistas.

Entre eles, o diretor coordenador de jornalismo entre a Globo e suas afiliadas, Marco Antônio Rodrigues.

Diante de jornalistas da Globo e da RBS, no prédio da nossa televisão, ontem, Marco Antônio fez o seguinte pronunciamento: "A televisão brasileira é muitas vezes dominada por uma mesmice. Todos ou quase todos fazem tudo igual.

É muito saudável que se tenha encontrado aqui em Porto Alegre um comentarista, de televisão, Paulo SantAna, que se distancia da mesmice e apresenta no Jornal do Almoço um comentário original e criativo".

Este parecer me calou profundamente. Não só porque seu autor é uma pessoa conhecedora do metiê, um diretor prestigiado da TV Globo, mas também porque foi um elogio nascido no meio de televisão, onde são raros os elogios.

Cheguei a dizer ontem no meu quadro do Jornal do Almoço que nunca se deve sonegar um elogio, que o elogio é o maior de todos os salários. Salário é dinheiro, dinheiro na mão é vendaval, enquanto que elogio é tesouro precioso na arca das minas do Rei Salomão.

Eu disse ainda mais: por falar em salário, deve-se reajustar o elogio, deve-se pagar 13º de elogio, deve-se descontar Fundo de Garantia em elogio, todos os direitos trabalhistas devem ser pagos em elogios.

E disse eu mais ainda: nós devemos sempre tributar elogios às pessoas que nos cercam, claro que quando considerarmos que elas os merecem.

Temos de elogiar os nossos filhos, os nossos pais, os nossos parentes, os nossos amigos, os nossos superiores, os nossos subalternos.

Temos de elogiar sempre quem tenha de ser elogiado, para incutir-lhes entusiasmo de viver, coragem, para estimulá-los. Não há forma de mais atirar as pessoas ao progresso pessoal, ao desenvolvimento profissional, à solidariedade, à afetividade, que com o elogio.

E disse que nunca temos de ter pudor de elogiar alguém, nunca pode o elogio ficar trancado na nossa laringe ou esbarrar "no molambo da nossa língua paralítica", tem de jorrar pelos nossos lábios e iluminar os corações, as mentes, os espíritos das pessoas que merecem nossos elogios.

O elogio é a moeda corrente da vida.

Esse menino de 16 anos, de Novo Hamburgo, que matou 12 pessoas, matou-as por rusgas, por desentendimentos, por motivos banais.

O último homem que ele matou foi com 20 tiros. Ou seja, era banal para ele matar.

Eu nunca entendi só uma coisa na vida, além dos desígnios das mulheres, a fúria assassina.

E cada vez mais me brutalizo porque me atiro à tese de que uma fera dessas não pode continuar viva.

Uma fera dessas não tem recuperação. É preciso exterminá-la do meio social. É certo que este menino vai matar outro tanto ou um triplo mais de pessoas.

Há que matá-lo. Há que modificar a lei para poder matá-lo. Matá-lo sem dor, mas matá-lo.

Quase me envergonho por ter recuado nos últimos anos da minha convicção contra a pena de morte.

Mas tem de eliminar um lobo enlouquecido desses.

Com uma injeção, ou pela forca. Mas urge modificar a lei.

E, quando for assim grave a imputação, tem de se chegar ao pescoço da fera.

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