segunda-feira, 24 de março de 2008



24 de março de 2008
N° 15550 - Luis Fernando Verissimo


Os brancos

Eu já fiz a minha parte. Li que, para a raça branca não desaparecer em poucas décadas, teria que manter uma taxa média de natalidade de 2.1 filhos. Tive três filhos, .9 mais do que o requerido. Mas não sei se contam.

É tamanho o coquetel de raças que deu nos três, desde uma bisavó tipicamente alemã até um avô com cara de índio, que fica difícil calcular sua branquidão. Acho melhor a raça branca não contar com a nossa ajuda.

A questão é séria, nos Estados Unidos e na Europa. Lembro que quando moramos na Itália há alguns anos, um problema social muito discutido - incompreensível para um brasileiro - era o excesso de vagas nas escolas públicas.

Os italianos simplesmente não estavam produzindo alunos suficientes para suprir a capacidade ociosa das escolas. Na França, o governo estimula, com prêmios e subsídios, a fertilidade.

As campanhas "faça mais bebês" têm como alvo óbvio nativos brancos, no pressuposto de que imigrantes e outras raças não precisam de incentivo. Implícita nas campanhas está uma mensagem apocalíptica: casais brancos modernos que preferem ter carreiras modernas e vidas domésticas mais fáceis em vez de filhos estão condenando sua raça à extinção.

Nos Estados Unidos , os "survivalists" se preparam há anos para o momento em que os poucos americanos brancos que sobrarem se acastelarão contra os hispânicos e negros que dominarão o país, e já existe uma considerável literatura premonitória sobre essa resistência às hordas.

Até revistas especializadas em sobrevivência e guerrilha, para quando o momento inevitável chegar.

Uma alternativa às piores previsões para a raça branca acuada, nos Estados Unidos e na Europa, é um futuro em que os brancos que sobrarem serão mantidos em santuários protegidos, como os gorilas, hoje. Um pouco como já se vê nos condomínios fechados, no Brasil.

Dentro dos santuários os brancos poderão recriar seu hábitat natural e preservar seus hábitos com segurança, e a procriação será priorizada, talvez com a transmissão de música romântica por alto-falantes e a distribuição de estímulos sexuais aos sábados, para que não desapareçam por completo.

O fato é que os brancos estão perdendo a guerra demográfica. Não tenho nenhuma simpatia especial pela raça branca, mas torço para que haja uma reação, nem que seja só para manter o interesse da competição. Vamos lá! Ânimo, gente!

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