terça-feira, 18 de março de 2008


CLÓVIS ROSSI

Casar ou descasar?

SÃO PAULO - Irônico, mas certeiro, título do "International Herald Tribune" de ontem: "U.S. central bank chief shifts to crisis mode" ("Banqueiro central dos EUA muda para o modo crise").

Não foi apenas Ben Bernanke, o presidente do BC norte-americano, quem ligou o modo crise. O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), o francês Dominique Strauss-Kahn, foi mais explícito ainda ao dizer que a crise nos mercados está provocando "riscos cada vez mais sérios" para o crescimento econômico global.

Conseqüência: "As próximas previsões [econômicas] do FMI serão um pouco débeis para os Estados Unidos, para a Europa e também para os países emergentes que ainda se beneficiam de um forte crescimento, mas que não pode continuar indefinidamente no marco dessas turbulências".

Para o Brasil, que, até aqui, vê a turbulência da arquibancada, embora esteja provocando efeitos na Bolsa de Valores, a frase do diretor-gerente do Fundo é ameaçadora.

Um parêntesis: a Bolsa ainda é um jogo para relativamente poucos, mas o sobe-e-desce das ações é cada vez mais relevante para mais pessoas/empresas.

Voltando ao eixo principal: Strauss-Kahn recoloca a discussão sobre o descasamento entre os países ditos emergentes e a crise do mundo rico. Ninguém sabe ao certo se haverá descasamento, se será total, parcial etc.

Mas há um dado, dito em Davos há dois meses, que deveria fazer as autoridades brasileiras acenderem todos os alarmes: "A China depende tremendamente da demanda externa.

As exportações respondem por 8,6% de nossa economia", segundo Yu Yongding, diretor do Instituto de Política e Economia Mundial da Academia de Ciências da China. Se, de fato, a China casar com a crise, muito ou pouco, o Brasil será certamente arrastado.

crossi@uol.com.br

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