sexta-feira, 28 de março de 2008



Alma porto-alegrense

No dia do teu aniversário penso na tua alma, Porto Alegre. Levito até o topo do Morro Santa Teresa e converso com o busto do Carlos Nobre, que deveria ter cópias na Praça Garibaldi e em outros locais.

Carlos Nobre é uma das melhores caras de Porto Alegre. Nossa cidade tem mais de milhão e quinhentas mil almas, de muitas cores e origens.

Alma polaca no quarto distrito, campeira no Parque Marinha (nossa estância urbana), israelita no Bom Fim, italiana na Vila Nova e lá por tudo, alemã no Centro, Moinhos, Floresta e outros bairros, açoriana e espanhola no Centro e espraiada por todos os lados, negra no Rio Branco, japonesa e chinesa por aí e alma gaúcha interiorana pairando sobre tudo, costurando todas e dando uma espécie de unidade ou liga à nossa rica diversidade anímica.

Porto Alegre é uma açoriana tímida? Uma pequena cidade grande que já foi uma grande cidade pequena?

É, ainda, uma carroça provinciana? Uma metrópole com jeito de interior, especialmente na Zona Sul? Para muitos, nossa cidade já é o mundo. Ou, pelo menos, a melhor parte do mundo, modéstia à pqp.

Na Padre Chagas e adjacências, português, espanhol, inglês, francês, alemão e outros idiomas tocam nossos ouvidos globalizados enquanto nossos olhos sortudos se arregalam para curtir a beleza, a inteligência e a elegância das gaúchas, as mulheres mais lindas do mundo.

Nessa época, elas ainda vestem poucas roupas leves e desfilam peles de tom caramelo, dourado, chocolate ou mel, provando que Deus e outras transcendências existem, sim, no paralelo trinta.

Enfim, Porto Alegre é tipo uma gauchinha jovem, plasmada com sangue índio, negro e europeu, ainda meio recatada, de apenas duzentos e trinta e seis anos, ligeira da cabeça e das pernas, que anda de carroça ou de conversível pelo velho Centro e por todos os bairros, com seu note, seu GPS, seu MP4 e outros trique-triques modernos, falando várias línguas, fazendo negócios internacionais enquanto canta o Hino do Rio Grande e Querência Amada, nosso hino extra-oficial, e outras canções do mundo.

Porto Alegre foi, é e será muito. Muito demais. Isso não somos só nós a dizer isso. Deixamos, com muito orgulho, pessoas anônimas e célebres, espertas, ilustradas e seletivas, grandes almas e cabeças, falarem bem da gente, enquanto saboreiam o melhor churrasco do planeta.

De nosso clima (tirando abril e outubro), do trânsito, da segurança, dos buracos das ruas, de nossas múltiplas divergências e peleias tipo Grenal e de uns outros lances e assuntos chatos não falo hoje, não insiste!

Capaz que vou me prestar para ficar aí melando, empatando e estragando a festa. Bah, mas é bem capaz!!!! Mas amanhã, te prepara, que aí a gente conversa forte!!

Jaime Cimenti

Feliz Sexta-feira e um excelente fim de semana.

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