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quinta-feira, 13 de março de 2008
13 de março de 2008
N° 15539 - Nilson Souza
O primeiro imperador
Meu professor de História ficou me devendo esta: não sabia, ou não lembrava, que Dom Pedro I tinha sido tão canalha. Nesta onda de celebrações de 1808, o ano da chegada da família real portuguesa ao Brasil, a televisão mostrou outro dia um documentário sobre as peripécias do príncipe rebelde. Ele aprontou um bocado desde que chegou à colônia, com nove anos.
Era um moleque perverso, que se divertia batendo no queixo dos meninos escalados para beijar-lhe a mão. Não queria saber de estudar, passou a adolescência na noite e metendo-se em brigas, até transformar-se no mais famoso mulherengo do futuro Império.
Seus biógrafos contam que ele deixou filhos por tudo que é canto, inclusive de uma monja, até mesmo porque era considerado a única pessoa bonita da família de Bragança - o que os quadros da época parecem mesmo confirmar, tanto em relação aos homens quanto às mulheres.
Mas a curta e intensa história do herói da nossa Independência, que viveu apenas 36 anos, tem duas versões. Uma é esta que referi acima, o lado irreverente do nobre português.
A outra é a história a oficial, que o retrata como ousado, valente e até como um estadista de idéias avançadas, no seu retorno a Portugal, onde morreu tuberculoso sob a vigilância do Dom Quixote pintado na parede do mesmo quarto em que nascera.
Na reportagem televisiva, o primeiro imperador do Brasil é mostrado como um homem extremamente autoritário, que abusava do poder e não tinha o mínimo respeito pela esposa. Aparece, inclusive, como suspeito de sua morte.
Depois de transformar a amante em dama de honra da imperatriz, o nosso príncipe de 18 nomes (Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon) teria agredido a mulher, que estava grávida e se recusava a participar de um baile na corte.
Não sou dos mais influenciáveis, mas este relato me revoltou o estômago. Certo, eram outros tempos, a história pode estar mal contada, talvez seja intriga da imprensa panfletária da época.
Mas cheguei a ter ímpetos de pichar o viaduto que leva seu nome em Porto Alegre, por irônica coincidência conhecido como Viaduto da Marli.
Torço até para que o meu professor de História, meu ídolo no tempo de estudante, abandone temporariamente sua aposentadoria e me procure para reposicionar o príncipe na sua verdadeira dimensão.
Talvez eu tenha faltado alguma aula. Ainda assim, não sei como vou reagir no próximo 7 de Setembro.
Excelente quinta-feira e tropeços ocorrem mesmo com máquinas infalíveis como estavam dizendo do Inter. E hoje é a vez do Grêmio mostrar sua Garra.
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